Dia das Mães
Mães, filhos e redes sociais: como educar em tempos de internet
Elas colocam elogios na rede para que o mundo veja o quanto a sua prole é especial
O amor de mães e filhos extrapolou as fronteiras do convívio familiar, manifestado sobretudo em beijos, abraços, mimos e conversas. Em tempos de redes sociais, são as curtidas, os compartilhamentos e os comentários que ajudam a revelar a intensidade dessa relação que é festejada neste domingo.
Elas colocam elogios na rede para que o mundo veja o quanto a sua prole é especial. Conferem quem são os amigos, conversam com os filhos quando eles estão longe, "pescam" nos comentários da turma o que rolou na festinha da noite anterior.
A gurizada, por sua vez, se acostuma a ter alguém "de olho" na vida virtual. E muitos se aproximam mais das mães graças ao ambiente descontraído e espontâneo das redes sociais. Em meio a essas novidades, o mais importante é que, seja na internet ou fora dela, o que permanece sempre conectado entre eles são os corações.
Ela curte mais que as filhas
Se existe alguém mais antenado que Natalia, 15 anos, Fernanda, 11 anos, e Renata, oito anos, nas novidades que rolam na internet, é a mãe delas, a cuidadora de idosos Eva Prates, 39 anos. Ela foi a pioneira da casa a usar tecnologias para facilitar a comunicação entre as pessoas, ainda com o Orkut e o MSN. Depois, migrou para o facebook, o popular face, levando as filhas.
- Eu uso direto. Se me deixar, eu fico 24 horas por dia - diverte-se a mãe.
Boa parte desse tempo é no contato com as filhas. Como as três também têm perfil na mais famosa rede social, é por ali que Eva e as meninas se comunicam ao longo do dia, quando ela está no trabalho, em Porto Alegre, e o trio em casa, na Granja Esperança, em Cachoeirinha.
Gurias seguem dica de quem é zelosa
No bate-papo, a mãe pede que as filhas, por exemplo, tirem a carne do freezer ou estendam a roupa que ficou na máquina. Já as declarações de amor, é claro, são públicas e frequentes nas páginas de cada uma.
- Se eu não estivesse no facebook, perderia muito do convívio com as minhas filhas. Quando elas escrevem alguma coisa sobre como se sentem, eu já fico sabendo - destaca Eva.
As meninas garantem que não se incomodam com a presença constante da mãe na rede. E seguem a dica de não adicionar pessoas desconhecidas.
- Uma "tortura" que serviu de lição
Difícil mesmo é se o acesso às redes sociais precisa ser bloqueado, como aconteceu com Natalia.
- Ai, que tortura! - lembra a jovem.
A estudante ficou um tempo sem acesso a internet para centrar forças na aprovação para a sétima série, no ano passado.
Palavra de especialista
O doutor em Psicologia e professor da Unisinos Daniel Abs destaca que as redes sociais são um espaço a mais para exercitar a relação entre mães e filhos. Segundo ele, o convívio na internet não é separado do vínculo fora dela - a rede é uma continuação da vida:
- O melhor é que seja sempre o mais natural possível. Cada família tem um jeito, uma dinâmica.
Assim, a mãe que revisa o roupeiro do filho tende a vasculhar também o perfil no face. Mas isso não muda a relação.
Sobre quando começar a navegar nas redes, não existe uma idade certa.
- Da mesma forma que ela não vai expor o bebê a riscos do mundo, também não deve fazer isso na rede social - orienta Daniel.
Longe do computador, mas ligada em tudo
Ela não tem perfil no face, mas nem por isso deixa de saber (quase) tudo o que está rolando por ali. A dona de casa Iara Terezinha Silva da Rosa, 51 anos, como toda mãe, faz mais de uma coisa ao mesmo tempo.
Nesse caso, mantém um olho nos afazeres da casa, no Bairro Partenon, e outro no perfil da filha Michelle Rosa e Silva, 15 anos.
- Às vezes, quando eu tô no face, ela tá olhando junto. Pergunta quem são as pessoas, diz para cuidar as fotos que eu vou botar - conta a jovem.
Até quatro horas por dia plugada
A preocupação da mãe é que pessoas mal-intencionadas tenham acesso a informações da filha. Por isso, está sempre advertindo para ela não se expor demais. Michelle garante que ouve os conselhos, mas considera a sua página um espaço de expressão de sentimentos e ideias:
- Gosto de postar músicas, fotos. O que os outros postam e que me agrade, eu curto e compartilho.
Apesar de reconhecer que o face a afasta um pouco do convívio com a mãe (fica de três a quatro horas por dia conectada), a jovem também vê elos. Costuma chamar Iara para ver alguma foto, comentário e até convites para festas que as amigas enviam.
- Tem de saber usar bem, para tirar o melhor proveito - aconselha a zelosa mãe.
A amigona da galera
Desde o tempo em que os filhos eram adolescentes, a mãe já navegava nas redes sociais. E com o avanço da tecnologia, a conexão só aumentou entre a aposentada Rute Maria Silva de Almeida, 54 anos, a auxiliar administrativa Paulline, 26 anos, e o auxiliar de instalação Leonardo de Almeida Megier, 24 anos.
- Gosto disso, acho que é uma maneira de me aproximar dos filhos, de saber o que está acontecendo - afirma a mãe.
O trio levou para a internet o comportamento que já existe na vida real. Entre eles, não há segredos ou assuntos proibidos. Ela conhece todos os amigos deles e conversa com a galera. E os filhos curtem a participação intensa dela na rede.
- Esses dias, eu coloquei no face que estava com dor de garganta. Na hora me ligou, dizendo para tomar um remédio - diverte-se Paulline.
Filho controla as postagens
Ela e o irmão saem para trabalhar cedo. A mãe, ao acordar, liga o computador. Entre uma tarefa e outra da casa, vê atualizações na rede e conversa com quem está online - e isso inclui os filhos, claro. E não deixa de corujar.
- Volta e meia ela tá colocando elogios para a gente no face. E cobra se não tem curtida ou comentário - entrega Pauline.
Tanta empolgação da mãe já provocou alguns alertas, principalmente de Leonardo. Às vezes, ele diz para Rute não postar tanto, nem ficar contando tantas coisas a seus amigos. Então ela se controla.
- Hoje em dia, se tu não acompanhares os filhos, estás por fora. Às vezes, eles estão na rua e não tem mais a proximidade física, mas a conversa continua no face - conclui Rute.