PF valorizado
O preço do prato feito em Porto Alegre
Além de comida boa e barata, trabalhadores procuram ambientes acolhedores para almoçar. Na Zona Norte, restaurantes pequenos estão em alta
Comer é um prazer que não se restringe apenas à escolha de um lugar onde a comida seja boa e, principalmente, barata. O ambiente silencioso do restaurante, com poucas mesas e iluminação parcialmente natural é tão importante quanto o preço do bufê livre ou do prato feito, o popular PF. Pelo menos para os trabalhadores consultados ontem pelo DG na Zona Norte da Capital.
Evaldo prefere lugares calmos
Na hora do almoço, encontramos exemplos de locais pequenos que conquistam os clientes por apostarem nestas qualidades. Além de oferecerem pratos simples e saborosos, o espaço é acolhedor.
Dona do restaurante Bom Apetite, na Vila Elizabeth, Bairro Sarandi, Loeci Lencina de Oliveira, 45 anos, explora bem o espaço físico do estabelecimento. Dividido em dois ambientes, a forma como as mesas estão colocadas facilita a circulação, coisa rara em locais de grande movimento. Loeci serve de 60 a cem pratos por dia. O bufê com 12 pratos quentes, oito opções de saladas e três de carne custa R$ 8,90.
O motorista Evaldo Duarte, 57 anos, resume numa frase o espírito do lugar.
- O preço é acessível, a variedade boa e o ambiente é aconchegante, não tem aquele tumulto de outros lugares - afirmou Evaldo.
Bufê com duas carnes por R$ 9
Cliente do Bar e Restaurante Vitória, no Bairro Passo D'Areia, Valdir Pasin, 44 anos, de Alvorada, se fartou no bufê livre com direito a duas carnes e nove pratos quentes, por R$ 9:
- É um restaurante menos movimentado, mais tranquilo para almoçar. Me sinto em casa aqui.
Charme, silêncio e boa comida
Escondido na Galeria Hoffman, que liga a Avenida Cristóvão Colombo à Rua Hoffman, no Bairro Floresta, o Santo Café serve um generoso à la minuta, com um copo de refrigerante, por R$ 10.
Quando abriu, um ano atrás, tinha apenas três mesas. Hoje, tem 16 e uma clientela que não para de crescer. A proprietária Sheila Cristina Dias, 39 anos, acredita que a característica do lugar atrai clientes que buscam tranquilidade durante o almoço, minutos para deixar o estresse de lado:
- Muita gente escolhe vir aqui por isso.
GASTAR MENOS, OFERECER MAIS
Para manter preço bom sem diminuir qualidade, o dono do Bar e Restaurante Vitória, Luís Célio Rodrigues da Silva, 44 anos, usa a estratégia de todo bom comerciante. Luís sabe os dias de ofertas nos supermercados e os melhores horários para fazer compras na Ceasa. Quem chega mais cedo, leva os melhores produtos. No final do expediente, há ofertas e margem para negociação.
- Como a gente é pequeno, tem de saber comprar para não desperdiçar nada. Se compro uma caixa fechada com três pedaços de janela de gado, duas são boas e uma não - ensina.
Quando vai ao súper, Luís leva três amigos com ele para trazer mais mercadorias em promoção. É a forma que encontrou para driblar a limitação de unidades por cliente.
Alta de 12,5% em um ano
Estratégias assim motivam os pequenos empreendedores. Só em Porto Alegre, entre janeiro e dezembro de 2012, segundo a Smic, o número de restaurantes com alvará cresceu 12,5%, passando de 1.660 para 1.869.
Obs.: os restaurantes desta reportagem foram escolhidos de forma aleatória pelo jornal.