Rico estágio
Cinco estudantes de escola da Capital vão à Alemanha aprender sobre história
Alunos do Centro Municipal de Educação dos Trabalhadores (Cmet) Paulo Freire ficarão 15 dias em Berlim a convite de ong
Cinco estudantes do Centro Municipal de Educação dos Trabalhadores (Cmet) Paulo Freire, na Capital, embarcam hoje numa viagem que deverá modificar a história de cada um. Acompanhados por dois ex-alunos, do diretor da escola e duas professoras, eles partem para Berlim, capital da Alemanha, para um intercâmbio de 15 dias.
No projeto "Contra a Ditadura e Discriminação, pelos Direitos Humanos e a Coragem Civil" foram debatidos os direitos humanos, com o objetivo de despertar o interesse pela escola, pela História e política.
- Será uma oportunidade muito boa para resgatar a memória e a cultura - diz o estudante Marlon Fidelix, 19 anos.
Para que nunca se repitam
O intercâmbio ocorre desde 2010 com a escola Dienstleistung & Bildung (D&B). Os alunos viajam a convite da ong Bapob, que pagará despesas aéreas e de hotel.
O quinteto foi escolhido por ter se destacado nas aulas da disciplina e nos estudos dos períodos ditatoriais de Alemanha (anos 30 e 40, com o nazismo) e Brasil (anos 60 e 70).
- Os jovens precisam entender a história, porque não viveram naquela época e têm a missão de serem multiplicadores, pensarem ações para que isso (ditadura) não se repita - comenta a coordenadora pedagógica Roselaine Aquino da Silva.
Ansiedade pelo primeiro voo
A troca de experiências entre os estudantes teve início em dezembro, quando sete alunos alemães vieram a Porto Alegre. O grupo do Cmet foi anfitrião no passeio que incluiu passagens pelo antigo Dops, na Avenida João Pessoa.
- A vinda deles já foi importante. Imagina agora, com a nossa viagem! - diz Caroline Camparra Soldi, 17 anos, ansiosa também por nunca ter viajado de avião.
Mudança na autoestima
A viagem é de estudos, mas os jovens terão a oportunidade de passear, na atividade chamada Jogo da Cidade. Está prevista a passagem por lugares históricos e de referência na memória da ditadura.
- O enfoque é que os alunos aprendam entre eles e os professores façam a mediação - conta a professora Miriam.
Na programação está prevista uma noite intercultural, na qual os alunos do Cmet prepararão um carreteiro de charque para os alemães.
- A mudança que ocorre (a partir da viagem) é, fundamentalmente, na autoestima. O empenho deles é impressionante - observa o professor de Geografia Valcir Menezes.
Esforço para comunicar-se
Quando soube que viajaria à Alemanha, em 2012, Filipe da Silva Gomes, 16 anos, começou a ouvir bandas de rock alemãs para acostumar o ouvido ao idioma:
- Estou ansioso por não dominar o idioma.
Miriam Pereira Lemos, coordenadora do projeto, diz que o grupo terá uma tradutora:
- Mas eles vão ficar misturados e farão o esforço da comunicação, ou usarão o inglês.
O grupo tem pesquisado as condições do clima - antes de Berlim, passarão por uma cidade próxima da Polônia. Uma grana extra para gastos adicionais foi obtida com um brechó e uma rifa.
- Quero abrir minha mente para outro tipo de conhecimento - revela Vinícius Garcia, 17 anos.
O Cmet
O Cmet Paulo Freire atende 800 alunos e promove a escolarização de jovens e adultos (com idade a partir de 15 anos).
No lugar das séries do ensino fundamental, a organização do currículo é por totalidades (iniciais e finais).