Porta arrombada, tranca de ferro
Comerciantes reforçam segurança antes de novos protestos
Prevendo mais arruaça hoje, em função de vândalos que usam a manifestação como desculpa, lojistas da Azenha reforçaram a segurança para evitar prejuízos
Depois de serem alvo de quem se aproveita das manifestações para vandalizar e fazer saques em Porto Alegre, comerciantes da Avenida Azenha redobram a segurança com grades e barras de ferro em portas e janelas.
Há uma semana, Luiz Steindorff, 57 anos, dono de uma loja de baterias, viu pela tevê um grupo tentando arrombar o comércio. Antes de ir para o local, tentou pedir, por telefone, a ajuda da Brigada.
- A atendente me disse que estavam monitorando. Isso me indignou. Fiquei lá até amanhecer.
A loja de Luiz não chegou a ser arrombada porque tinha grade atrás da cortina de ferro. O comerciante pagou a instalação de reforço de barras de ferro:
- Há 40 anos, levanto todos os dias às 6h para trabalhar. Não vou deixar esta gente demolir o meu patrimônio.
Em outro ponto da via, o proprietário de uma empresa colocou barras por dentro e por fora da cortina que deveria proteger a vitrine da loja. Ele teve o estabelecimento saqueado durante o protesto de quinta-feira passada. Temendo represálias, pediu para não ser identificado.
- Entre prejuízo e reformas, passei dos R$ 10 mil. Mas não tem como parar de trabalhar, pois dou emprego para 17 pais de família - disse.
Rombo de R$ 2 milhões
Segundo o Sindilojas de Porto Alegre, chegam a R$ 2 milhões os prejuízos causados pelo vandalismo de grupos infiltrados somente na manifestação de segunda-feira. Com a antecipação do fechamento dos estabelecimentos e os problemas causados pela insegurança, o sindicato calcula que o faturamento das lojas atingidas caia 60%.
BM recomenda: não intervenha
O comando da Brigada Militar pede que o movimento organizado identifique pessoas que criem tumulto ou façam vandalismo e comuniquem à polícia. Não aconselha que impeçam a ação de arruaceiros, para evitar agressões.
A BM trabalha com todas as possibilidades de trajetos e acredita que, na segunda-feira, o trajeto sofreu uma mudança no meio do caminho.
Protesto: concentração mudou
A rotina de manifestações às segundas e quintas-feiras mantém-se hoje em Porto Alegre, mas com novidade. Em lugar da prefeitura, o Bloco de Luta pelo Transporte Público definiu a Praça da Matriz como ponto de encontro às 18h.
Com a mudança, os organizadores esperam fazer pressão no Piratini. Formado por partidos de esquerda, sindicatos e entidades estudantis, o bloco tentou chegar ao Palácio nas duas últimas manifestações, sem êxito.
Há protesto contra o governador Tarso Genro e a Brigada Militar. Além de reivindicar passe livre, pretendem criticar o que interpretam como uma criminalização de seu movimento.
Rotina mexida na capital
Transporte
- A EPTC informa que as linhas de ônibus circularão normalmente. No máximo, farão desvio se houver bloqueios de via. A Trensurb pode aumentar o número de trens e diminuir os intervalos para dar conta da demanda de pessoas que vai embora mais cedo, por volta das 16h.
Comércio
- CDL e Sindilojas orientam os comerciantes a fecharem às 17h. Lojistas devem afastar mercadorias das vitrines, reforçando grades de contenção. Os supermercados estarão abertos, segundo a Agas.
Educação
- Universidades não fizeram nenhum cancelamento prévio de atividades. Porém, com a paralisação dos municipários, algumas escolas municipais devem cancelar as aulas hoje.
Justiça
- O expediente no 2º Grau (TJ e Palácio da Justiça) e nos Foros, bem como serviços notariais e registrais, encerra-se às 16h.
Simpa
- O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre aprovou paralisação hoje. A adesão é voluntária e todos os setores da prefeitura devem ser afetados.