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Futebol de botão

A arte do improviso

Jogo que remete à infância e produz lances mágicos atrai botonistas de todas as idades na Capital. Fabricante da Cidade Baixa atende pedidos até do Exterior

03/07/2013 - 07h25min

Atualizada em: 03/07/2013 - 07h25min


Um jogo entre duas pessoas num campinho de madeira e sem torcida pode ser tão emocionante quanto a partida disputada numa arena lotada. Pelo menos para os botonistas - grupo de pessoas que joga futebol de mesa em clubes, federações e até em fundo de quintal.

Uma turma capaz de lances mágicos, como aquele em que o jogador faz tabelinha com o botão adversário e a bolinha acaba no fundo da rede.

Nei faz botões artesanais

Se a técnica do botonista faz diferença, a qualidade de um botão pode ser decisiva para garantir a vitória de um time. Em Porto Alegre, a confecção de botões artesanais tem poucos craques.

Um deles é o artesão Nei Eduardo Barbieri Nunes, 58 anos. Residente na Cidade Baixa, Nei só trabalha por encomenda. Seus clientes são botonistas gaúchos, de outros estados e até do Exterior. As peças de acrílico são exclusivas, com distintivo, número e nome de jogadores do clube do coração.

- Recebo pedidos de Fortaleza, do Rio de Janeiro e até da Sérvia (país europeu). Esses dias me pediram pra fazer o Mazembe - brinca o colorado, bem-humorado, citando o carrasco do Mundial de 2010.

Time completo custa R$ 400

Nei encara o ofício como se fosse uma ciência exata. Se debruça sobre o torno como um cientista que olha num microscópio. Para fazer botões lisos ou cavados, o artesão usa tornos, lixas, serras, paquímetros (instrumento utilizado para medir distâncias entre dois lados de um mesmo objeto) e especímetros (para medir espessuras).

Um time completo, com 20 peças do tamanho exigido pela regra brasileira (60mm de diâmetro por 10mm de espessura), leva quatro dias de trabalho e custa R$ 400 (R$ 20 a peça).

- Isto aqui não é trabalho, é diversão. Embora faça sempre a mesma coisa, procuro criar peças novas, diferentes. Depois de velho, até voltei a jogar - revelou o artesão-jogador.

Mimo é ponto de encontro

Na Bazar e Papelaria Mimo, no Centro da Capital, aficcionados encontram todo o tipo de peças. Dos botões menores aos maiores, além de conjuntos inteiros que vêm com os goleiros, as goleiras e bolinhas e custam R$ 25. Na parte de cima, amigos do proprietário Domênico Romano disputam partidas dignas de campeonato.

Na quarta-feira pela manhã, o Inter do funcionário público aposentado Arno da Silva, 73 anos, empatava em 2 a 2 com o Barcelona do vendedor autônomo Alexandre Souza Diogo, 39 anos. Arno, que perdia por 2 a 1, passou a palheta sobre o botão, que deslizou suavemente de encontro a bolinha que cobriu o goleiro e dormiu no fundo da rede.

- Esse gol foi do Canhotinho - gritou Arno, que começou a jogar aos oito anos e continua batendo um bolão na mesa.

Mais informações

Nei recebe pedidos pelos telefones 2103-2912 e 9813-8413

- Blog do artesão - www.babbotoes.blogspot.com.br

- Site do Bazar Mimo - www.bazarmimo.com.br

- Site da Federação Gaúcha de Futebol de Mesa -www.fgfm.com.br


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