Economia popular
Alta do dólar afeta lojas que vendem itens importados populares na Capital
Valorização da moeda norte-americana elevou em até 30% o preço de mercadorias
Mais que um teto, o preço de R$ 1,99 virou um piso. E com a disparada do dólar - ontem fechou em R$ 2,43 -, as lojinhas de produtos populares elevaram os preços das mercadorias.
Na Capital, proprietários desses estabelecimentos acompanharam a valorização da moeda norte-americana para evitar o prejuízo. De brinquedos a carrinhos e derivados de plásticos, quase tudo subiu. O reajuste varia de 10% a 20%. Em alguns casos, pode chegar a 30%.
Chinês também reclama
Proprietários de lojas de R$ 1,99 já estão preocupados com a reposição dos estoques. Embora mantenham os preços dos produtos mais vendidos, comerciantes garantem que não podem segurar por muito tempo. Kever, um chinês de pouca conversa e largo sorriso, é proprietário da Casa Kever, no Bairro Azenha. Segundo ele, a alta do dólar afugentou a clientela que gosta de comprar miudezas em lojas desse tipo.
- Tive de aumentar 20%, em média - afirmou.
Lojista reclama da alta do plástico
Dono do Bazar Coisas do Mundo, no mesmo bairro, Ilton José Müller, que vende potes, caixas e jarras de plástico, reclama que essa indústria concedeu dois aumentos este ano. Com cerca de seis mil itens à venda, o bazar tem poucos produtos que ainda custam R$ 1,99.
- Fiz uma ginástica para tentar manter vários produtos nessa faixa de preço, mas está difícil - revelou Ilton.
Para economista, repasse é inevitável
O economista da Fundação de Economia e Estatística (Fee) e professor de economia internacional da Ufrgs Luiz Augusto Faria afirma que o momento é desfavorável para a economia de países emergentes, como o Brasil. A valorização do dólar implica a desvalorização do real e de outras moedas, com reflexos imediatos na compra e venda de produtos, especialmente no atacado.
- Esse tipo de comércio no mundo hoje é abastecido pela China, e como tudo é feito na base do dólar, não tem como escapar. O comerciante não consegue suportar uma diferença por muito tempo e precisa repassar para o consumidor - explicou.
Por outro lado, Luiz afirma que este é um momento que pode favorecer o mercado nacional.
Carrinho com preço de carrão
No Bazar Canaã, na Cidade Baixa, um dos produtos majorados por causa da alta do dólar é pequeno apenas no tamanho. Carrinhos em miniatura de modelos antigos importados, que fazem a alegria de colecionadores e atraem olhares de meninos que entram na loja, estão mais caros. Passaram de R$ 25 e R$ 28 para R$ 30 a unidade.
O valor único das miniaturas foi a forma encontrada pelo proprietário Ciro Vieira Dornelles para recuperar o prejuízo.
- Mesmo assim, vendo sete desses por semana - disse.