Notícias



Sapucaia do Sul

Aluguel social gera bronca entre os moradores às margens da ERS-118

Por duas noites seguidas, populares fecharam rodovia para protestar em função da remoção de mil famílias

02/08/2013 - 07h20min

Atualizada em: 02/08/2013 - 07h20min


Obras no local deixam moradores apreensivos sobre como será a remoção das famílias

Necessária para a continuidade das obras de duplicação da ERS-118 - a previsão é que os 22km sejam entregues em dezembro de 2014 -, a remoção das famílias que vivem às margens da rodovia gera apreensão entre um grupo de moradores de Sapucaia do Sul. Nas duas últimas noites, a estrada foi bloqueada em protesto.

● Terrenos ainda em aquisição

A principal reclamação é o benefício do aluguel social, recurso disponibilizado pelo Estado até que as moradias definitivas sejam construídas. Cerca de mil famílias serão reassentadas em novas casas financiadas pelo Minha Casa, Minha Vida. Os terrenos ainda estão em fase de aquisição.

● Imobiliárias pedem fiador e...

Moradora do Bairro Capão da Cruz, no Km 2,5, a dona de casa Deise Elmara Ronzani da Rosa da Silva, 32 anos, ainda não recebeu a notificação de que deve procurar uma casa para alugar, mas já está preocupada com o futuro.

- As pessoas estão tentando alugar e as imobiliárias estão pedindo caução, fiador. Quando dizem que são moradoras da ERS-118, ninguém quer negócio.

Queremos casa ou indenização, ou terreno onde colocar as casas que temos. A cozinheira Irene Silva da Costa Filha, 46 anos, também está receosa:

- Vivo aqui há 46 anos, sei que a área não é nossa, mas queremos ter a garantia de uma casa. Não nos importamos de pagar.

A aposentada Maria Edi Panta Faleiro, 64 anos, vive há 50 anos no trecho por onde vai passar a duplicação.

- Eu já achei uma casa na Boa Vista, dei sorte. Mas minha filha não encontrou imóvel ainda. Sei que temos que sair, mas queria uma coisa definitiva.

● Problemas para quem alugou

A comunidade ainda reclama de situações relatadas por aqueles que já se mudaram, em que houve atraso do pagamento do aluguel.

No início da semana, foi realizada uma audiência pública na qual os moradores foram convidados a ouvir esclarecimentos das secretarias de Habitação de Sapucaia do Sul e do Estado. Daqui a 30 dias, haverá outra.

Secretário faz promessa: 15 dias

O secretário estadual de Habitação e Saneamento (Sehabs), Marcel Frison, reconhece que não está fácil conseguir um aluguel por meio de imobiliárias da região. Além da burocracia, fala em preconceito.

- As imobiliárias são muito exigentes. Vamos intermediar, procurar imóveis. Em 15 dias vamos resolver este problema - promete Marcel.

● Nada de constranger

Segundo ele, o recurso para o benefício do aluguel social está garantido. Assim que a família fecha e apresenta o contrato - o programa permite, inclusive, que o acordo possa ser feito direto com o proprietário - o valor do primeiro pagamento é depositado numa conta.

Situações de atraso foram resolvidas com o uso de um cartão bancário específico para recebimento do aluguel social.

- A ideia é não trazer transtornos para os moradores. Não vamos desalojar ninguém ou colocar em constrangimento. Eles irão para locais mais confortáveis enquanto esperamos resolver a construção das unidades habitacionais.

Garantia de ajuda na mudança

Diretor de Logística e Integração da secretaria de Infraestrutura e Logística, Geraldo Henriques Filho, informa que uma  empresa contratada pelo Estado ajudará a transportar a mudança das famílias removidas. No caso dos moradores do trecho de Sapucaia do Sul, uma área já foi identificada e, até o final do ano, deverá ser desapropriada para que seja feito o edital que definirá a empresa que fará a obra.

● Parcelas vão de R$ 25 a R$ 80

O secretário de Habitação de Sapucaia do Sul, Tita Nunes, explica que 240 famílias que vivem no trecho serão reassentadas em um loteamento no Bairro Vargas. A previsão é que 160 delas já façam a mudança em março de 2014. Tita esclarece que as casas
serão financiadas pelo programa Minha Casa, Minha Vida. O valor das parcelas, a ser pago durante o período de dez anos, será definido de acordo com a renda das famílias (até R$ 1,6 mil).

A prestação mensal mais baixa será de R$ 25 e, a mais alta, R$ 80.

Saiba mais

Todas as famílias que sairão da área já foram identificadas. Por isso, quem comprar agora algum imóvel que será desocupado não receberá aluguel social e nem moradia definitiva.

● As famílias que serão removidas (ainda sem prazo final) estão sendo contatadas para fazerem cadastro e aderirem ou não ao aluguel social.

● O aluguel é de até R$ 500, depositado em conta do Banrisul. Deve-se apresentar o recibo do mês anterior.

● Famílias recebendo o aluguel social: 192 (93 de Sapucaia e Esteio), (48 de Cachoeirinha) e (51 de Gravataí). Famílias cadastradas: 298 (130 de Sapucaia e Esteio), (65 de Cachoeirinha), (103 de Gravataí).


MAIS SOBRE

Últimas Notícias