Socorro nas ruas
Aprenda como salvar vidas em casos de emergência
O Diário Gaúcho consultou a assessora técnica da Coordenação Municipal de Urgências da Capital sobre técnicas de massagem cardiopulmonar
Você sabia que por dia ocorrem de duas a três paradas cardíacas fora do ambiente hospitalar em Porto Alegre? São pessoas que estão caminhando na rua, teoricamente estão bem de saúde e, de repente, passam mal - 80% dos casos ocorrem com adultos, independente da idade. O que você faria ao se deparar com alguém desacordado, sem respirar? Saberia como agir?
O Diário Gaúcho consultou a assessora técnica da Coordenação Municipal de Urgências de Porto Alegre, Miria de Moraes Patines, e a enfermeira do Samu, Dinorá Cenci, para buscar informações preciosas, que podem salvar vidas.
Mesmo na dúvida, chame o auxílio
Diferente dos casos de trauma (atropelamentos, ou acidentes de moto, por exemplo), nos quais não se deve mexer na vítima sob hipótese alguma, para não piorar qualquer lesão, na situação de parada cardíaca é recomendado que, mesmo leigo, qualquer cidadão tente reanimar o paciente.
Mesmo se estiver na dúvida - se o paciente teve uma parada cardíaca ou não -, o socorro deve ser chamado, a compressão torácica (massagem cardiopulmonar) deve ser feita e, se houver desfibrilador portátil (DEA), deverá ser utilizado.
- Quanto mais gente souber fazer a compressão torácica, quanto mais desfibriladores tiver, quanto mais pessoas se cadastrarem no programa de georreferenciamento de voluntários (que em breve será lançado), formaremos uma grande rede de proteção aos nossos corações na cidade - destaca Miria.
Importância da massagem
Dinorá explica que a massagem cardiopulmonar adequada faz a diferença, aumentando de duas a três vezes a chance de sobrevivência de alguém que passou mal:
- O coração parou, o cérebro começa a parar de receber oxigênio. Cinco minutos depois de uma parada, sem receber compressões torácicas adequadas, ele começa a sofrer sequelas, que podem ser irreversíveis (a pessoa pode ficar vegetativa). Tendo a massagem cardíaca, para fazer a circulação acontecer, consegue oxigenar. A cada minuto sem atendimento, diminui em 10% a chance de reverter o problema. A manobra mantém a circulação do sangue, transporta o oxigênio, dá a possibilidade de reverter o ritmo do coração e evita o risco de sequelas.
Saiba mais
- Assistolia: o coração está parado. Se houver desfibrilador disponível, não indicará a necessidade de choque, apenas a continuação da compressão torácica.
- Fibrilação ventricular: trata-se de um tipo de arritmia, ocorre com frequência em adultos.
- Diversos motivos podem levar a uma parada cardíaca: algum problema cardíaco desconhecido, reação a alguma medicação, entre outros.
O socorro passo a passo
- 1º passo: ao encontrar alguém caído, chame a pessoa, toque nela para ver se responde, sacuda, se for necessário. Se ela não responder, a recomendação é ver se está respirando (o movimento respiratório pode ser visto na barriga, se ela mexe com a inspiração e expiração). Se ela não estiver respirando, indica que o coração está parado.
- 2º passo: a medida imediata é alguém chamar ajuda e ligar para o Samu (telefone 192), informando que está com uma pessoa caída, inconsciente e sem respirar.
- 3º passo: enquanto isso, outra pessoa já deve começar imediatamente a massagem cardiopulmonar. Mesmo que haja um carro disponível para levar o paciente até o hospital, não é recomendado transportá-lo, porque no trânsito não haverá condições para realizar a compressão torácica e se perderão chances de reverter a parada e evitar sequelas pela falta de oxigênio.
- 4º passo: o paciente deve estar num local plano e liso (no chão, por exemplo). A massagem deve ser feita na linha central do tórax (o ideal é abrir a blusa do paciente), entre os mamilos. Com as mãos juntas, uma em cima da outra, e braços esticados, comprimir o peito do paciente com força, usando o peso do próprio corpo e deixar voltar (como uma mola). O movimento deve ser rápido, feito de cem a 120 vezes por minuto, com no mínimo 5cm de profundidade (um terço do tórax). A força deve ser colocada na região da palma da mão. Como a manobra cansa, o ideal é revezar com alguém. A troca deve ser feita a cada dois minutos. Se houver uma terceira pessoa, esta poderá ficar segurando a cabeça do paciente espichada para trás, para que as vias aéreas fiquem desobstruídas.
- 5º passo: se houver desfibrilador disponível, basta seguir as orientações que o próprio equipamento informará em português, em linguagem clara. O aparelho dirá se será necessário ou não o uso do choque, dependendo do ritmo em que o coração estiver. A massagem deverá continuar sendo feita.
- É possível que com a manobra ocorram vômitos. Nestes casos, o paciente deve ser virado de lado e a boca aberta para que o conteúdo escorra e as vias aéreas sejam liberadas.
- O ideal é fazer a massagem até a pessoa voltar a respirar (caso ela pare de respirar de novo, a compressão deve ser retomada), ou até o Samu chegar.