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Chuva sem fim

Desabrigados e o perigo de novos alagamentos preocupam autoridades

Pessoas de grande parte da Região Metropolitana tiveram de deixar suas casas

26/08/2013 - 07h32min

Atualizada em: 26/08/2013 - 07h32min


Em Esteio, barco foi usado para tirar famílias de casa

A chuva que não deu trégua neste final de semana causou transtornos na Capital e em municípios como Esteio, na Região Metropolitana, Parobé e São Sebastião do Caí, desalojando e desabrigando centenas de famílias. Só em São Sebastião do Caí, 250 pessoas ficaram desabrigadas e 758 desalojadas.

Em Porto Alegre, dezenas de famílias da Vila dos Herdeiros, no Bairro Agronomia, tiveram que deixar suas moradias porque a chuva arrastou plantas aquáticas (chamadas macrófitas e conhecidas popularmente por marrequinhas) que obstruíram o Arroio Dilúvio, alagando pátios e atingindo quatro casas.

"Todo inverno é a mesma coisa"

- As plantas se proliferam na nascente do Dilúvio (represa da Lomba do Sabão) e, quando chove forte, se desprendem e invadem casas. Desde 2008, vem piorando - explica o  presidente da Ação Social Comunitária Vila dos Herdeiros, Jorge Leandro da Silva.

Conforme a Defesa Civil da cidade, cerca de cem pessoas foram abrigadas preventivamente nas dependências da Escola Estadual Professor Sylvio Torres - em 2008, o Diário Gaúcho registrou a mesma situação.

Ontem, entre os desabrigados estava a diarista Maria Luiza Pereira, 59 anos. Acomodada na sala da biblioteca, ela temia pela saúde do esposo, Paulo César, 57 anos, deficiente visual e transplantado de rim.

- Queria que dessem jeito nisso. Todo inverno é a mesma coisa. Meu marido não pode pegar frio, nem se molhar. Só peguei umas roupas e os remédios dele - contou Maria Luiza.

Força-tarefa atua no local

Ontem, ainda havia 40 famílias e três cadeirantes na área alagada. Conforme o diretor-geral do Dep, Tarso Boelter, há casas em risco de desabamento. Desde a noite de sábado, equipes da Defesa Civil, do Dep, do Demhab e da Fasc, apoiadas pela Guarda Municipal e pela Brigada, formam uma força-tarefa no local. Na tarde de ontem, seis retroescavadeiras trabalhavam na desobstrução do arroio.

Para ajudar

- As famílias da Vila dos Herdeiros que estão abrigadas na escola precisam de materiais de higiene, roupas infantis, calçados e alimentos (principalmente leite, arroz e feijão).

- Contatos: 8574-0547 (Catarina), 8567-8313 (Fernanda), ou 8542-9708 (Jorge), ou diretamente na escola (Rua Erotilde Machado Santana, s/nº, Agronomia).

Chevette afunda no Partenon

O motorista de um Chevette que trafegava na Rua da Represa, Bairro Partenon, desviou de um buraco e, na esquina com a Rua Cabo Noé, caiu no Arroio Chácara dos Bombeiros.

Moradora da Rua da Represa, Tamara Marques Bons, 24 anos, queixa-se que a via está completamente alagada, impedindo a família de sair de casa.

- O motorista tentou desviar e acabou caindo dentro do arroio. Não é a primeira vez que um veículo cai ali - conta.

Prefeitura recolhe doações

Pela segunda vez em menos de um ano, a aposentada Flávia Maria Kroeff, 71 anos, foi retirada de casa no Bairro São Sebastião, em Esteio, devido à cheia do Arroio Sapucaia. Na tarde de ontem, a água batia na cintura quando a idosa foi removida por sobrinhos e vizinhos.

O volume de chuvas registrado nos últimos dias ocasionou a saída do leito dos arroios Esteio e Sapucaia. De acordo com a Defesa Civil Municipal, até as 14h30min, o acúmulo era de 170mm. Os bairros mais atingidos são Três Marias, Jardim das Figueiras, São José, Primavera, Vila Nova, Navegantes, Esperança e São Sebastião.

A prefeitura prepara o decreto de situação de emergência para agilizar atendimento às vítimas. Na prefeitura (Rua Eng. Hener de Souza Nunes, 150 - acesso pela Maurício Cardoso), estão sendo recebidas doações de alimentos, materiais de higiene e roupas. Informações: 3433-8157 e 3433-8141.

Fique alerta

Municípios com riscos de alamento na Região Metropolitana

- São Leopoldo, Parobém, São Sebastião do Caí, Montenegro, Eldorado do Sul, Cachoeirinha e São Jerônimo.

Tenente-coronel Alexandre Teixeira Santos, da 1ª Coordenadoria da Defesa Civil do Estado.

Margens do Guaíba

A chuva sem tréguas que ocorre há mais de três dias já forçou 2,3 mil gaúchos a deixarem suas casas - atingidas por alagamentos ou porque a cheia é inevitável e as pessoas tiveram de se antecipar, buscando abrigo.

Conforme levantamento da Defesa Civil Estadual divulgado ontem à tarde, 2.361 pessoas estavam desabrigadas (quando o imóvel foi alagado e as pessoas precisam de abrigo público) ou desalojadas (com imóvel inundado, mas que conseguiram abrigo junto a familiares).

E o próximo ponto de alagamento no Estado já tem endereço certo: as margens do Guaíba. É o que admite a própria Defesa Civil Municipal. O estuário já está acima do nível e, como a chuva não para, a tendência é aumentar.


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