Solitário da Ilha
Ermitão da Ilha prepara volta para a terra natal
O pescador solitário da Ilha Grande dos Marinheiros recebeu a visita de veterinários que vacinaram seus três cães. Amanhã, ele voltará para a terra natal
Segurando no colo o fiel amigo Barbudo, o pescador aposentado Honório Gomes Zilles, que diz ter 88 anos, da Ilha Grande dos Marinheiros, em Porto Alegre, acalmou o cão de dois anos enquanto ele era vacinado pela veterinária Michele Panazzolo, de uma pet de Canoas, na tarde de ontem. Michele e o proprietário da pet, Gustavo Cristiano, leram a história de Honório no Diário Gaúcho e decidiram contribuir com os cuidados veterinários dos amigos Barbudo, Chupim e Macaco - os únicos companheiros do solitário da ilha.
Honório esteve nas páginas do DG nos dias 29 e 30 do mês passado. Há mais de quatro décadas, ele vive às margens do Delta do Jacuí, distante 10km da entrada da ilha. Durante todo este período, Honório perdeu o contato com a família que o adotou ainda guri.
Ansioso pela volta para casa
Mas, depois que a primeira reportagem foi publicada, familiares do pescador apareceram. O pai adotivo dele ainda vive em São Nicolau, na terra natal de Honório, a 562km da Capital.
- Me emocionei com a história e com o carinho dele pelos cães. Precisava ajudar de alguma forma - contou Gustavo, que também doou rações.
Acariciando Chupim, enquanto o bicho recebia uma agulhada da veterinária, Honório revelou a ansiedade para voltar a São Nicolau. Amanhã, uma das irmãs irá buscá-lo para morar com a família nas Missões. Por telefone, Cleonice Zilli, 37 anos, contou que os familiares prepararam uma casa na beira do Rio Uruguai para Honório viver sozinho, mas perto do pai e dos irmãos.
- Estou contando os dias. Vou fazer a barba para voltar arrumadinho para casa - comentou, sorrindo.
Mas os cães não poderão ir
A viagem será feita de carro e, por isso, será impossível levar os cachorros de Honório. Eles não têm caixas para serem transportados.
Os cachorros receberam da pet, inclusive, os laudos que os liberam para viagens longas. Mas, pelo jeito, eles ficarão aos cuidados dos vizinhos mais próximos.
- Eu não queria ir sem eles, só que não tem jeito de carregá-los comigo. Pelo menos, não agora. Precisaria de um caminhãozinho para isso - disse Honório.