Produto na cabeça
Lojas especializadas no comércio de cabelos se proliferam no Centro da Capital
Locais que compram e vendem fios e cachos elevam o orçamento de uns, e a vaidade e a autoestima de outros
No mercado da cabeleira, ninguém fica sem dinheiro. Quem pretende reforçar os cabelos não deve ter pena do bolso. Nas lojas especializadas em vendas de fios em Porto Alegre, 100g de loiro claríssimo natural - o mais vendido - podem custar de R$ 100 a R$ 1 mil. Já aqueles que pretendem vender os próprios cabelos podem lucrar também até R$ 1 mil. Mas tudo depende do volume, tamanho e da textura das melenas.
Produto de exportação
É no Centro da Capital que os estabelecimentos especializados no produto se proliferam, mas a maioria prefere comprar cabelos de fornecedores. Gilmar Anger, sócio da Cabelos do Sul, é uma das exceções. Ele adquire de empresas e também de interessados em ganhar um dinheiro extra. Mas só aceita cabelos cortados na própria loja.
- Se alguém quiser vender, precisa cortar o cabelo aqui mesmo. Procuramos pelos naturais mais claros, mais finos e mais lisos. Estes são os requisitados - conta.
Gilmar e o sócio, José Miranda, costumam anunciar a procura por cabelos em cidades do Interior. Eles reúnem numa única região os interessados em se desfazer das madeixas e fazem vários cortes num mesmo dia.
- O cabelo gaúcho e, principalmente, do interior, é um dos mais pedidos no mundo. Acho que o clima e a alimentação ajudam a mantê-los mais saudáveis. Já mandamos fios para a Itália, Israel e Arábia Saudita - revela.
"Mulher é vaidosa"
Disposta a fazer um agrado ao marido, a gerente Valdirene Oliveira Lima, 37 anos, do Bairro Medianeira, saiu à procura de fios para aumentar os cabelos. Depois de três experiências com mega hair, ela quis dar mais volume à cabeleira. Acabou gostando de uma faixa de longos fios negros, batendo na cintura, e que lhe custariam R$ 575 - podendo ser pagos em seis vezes no cartão de crédito.
- Quero alongá-los porque o marido pediu. Tenho cabelos longos, só quero ter um pouco mais de fios. E mulher é vaidosa por natureza - justificou.
Saiba mais
- Dependendo da loja, a pessoa compra o cabelo e já sai com ele aplicado conforme a técnica preferida - fio a fio, mega hair, entrelaçamento, entre outros.
- As lojas vendem apliques (faixas para mega hair, entrelaçamento e tufos selecionados), perucas para serem usadas em festas ou por pessoas que perderam os cabelos por motivo de doenças e próteses para calvos.
- As lojas vendem também cabelos importados, como os indianos (mais escuros e com fios grossos) e os russos (loiros puros). Os indianos, segundo os próprios comerciantes, são mais baratos porque quebram com mais facilidade. Um tufo de 100g de cabelo indiano pode custar R$ 400, enquanto que a mesma quantidade de cabelos gaúchos sai por R$ 850.
- Quem pretende vender o próprio cabelo pode procurar lojas em galerias no Centro de Porto Alegre e em lojas da Rua Riachuelo, também na área central. Mas, atenção, nem todas são especializadas em comprar cabelo. É preciso pesquisar.
- Quem usa apliques precisa ter cuidados especiais com os fios, como hidratação mensal e escovação com calma para não destruí-los. Se bem cuidados, podem durar até seis meses.
- Quilos de cabelos costumam ser vendidos diretamente para os salões de beleza. Dependendo da qualidade do fio, o quilo do cabelo importado sai entre R$ 3,5 mil e R$ 7 mil. Já o gaúcho custa de R$ 4 mil a R$ 13 mil.
A onda é o permanenteado
Engana-se quem pensa que só os loiros tem vez na cabeça das mulheres. Os cacheados também têm procura. E os chamados permanenteados ganharam destaque nas prateleiras das lojas.
- Globais como Taís Araújo, antes de encurtar os fios, acabaram inspirando as mulheres a reforçarem os crespos. Sempre surge uma nova cliente procurando tufos ou as faixas prontas - explica a gerente da Atacadão do Cabelo, Verlane Freitas.