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Caos público

Morte e espera longa por ambulância expõem as dificuldades de atendimento de saúde em Viamão

Família precisou de socorro e soube que o Samu tinha fila de pedidos de urgência. Homem acabou falecendo

19/08/2013 - 07h31min

Atualizada em: 19/08/2013 - 07h31min


Ambulância do município chegou tarde demais

O sentimento de tristeza da família de Atílio Alfredo Schmidt, 65 anos, de Viamão, se soma à indignação por saber que ele morreu sem ao menos conseguir receber o atendimento do Samu após sentir-se mal, pouco depois do meio-dia de ontem.

Casos como este se sucedem na Região Metropolitana, confrontando dramas particulares com a escassez da estrutura pública de atendimento de emergência. A cidade de 240 mil habitantes só tem uma ambulância da Samu.

Tinha quatro pedidos na fila

Morador do Parque Índio Jari, Atílio estava com a saúde debilitada havia algum tempo. Não caminhava e não se alimentava sozinho. Na sexta, fez exames no Hospital de Viamão, mas não ficou internado.

Quando a família estava reunida no domingo, pouco antes das 12h30min, ele passou mal. Parentes logo trataram de acionar o Samu, e a resposta foi desanimadora.

- Eles disseram que demoraria porque tinham quatro ocorrências em andamento e só uma ambulância. A gente ficou perdido aqui - desabafa a sobrinha Beatriz da Silva Wolf, 28 anos.

Remoção só no fim da tarde

Depois de aguardar por alguns minutos, a família e os vizinhos ligaram novamente para o Samu. Ouviram que a fila continuava. E, então, perceberam que Atílio já havia morrido - eles acreditam que a causa seja infarto.

Constatada a morte pelos familiares, seguiram-se três longas horas até que a única ambulância do município chegasse à residência, acompanhada da Brigada Militar.

A viúva de Atílio, Delcira da Silva Schmidt, 59 anos, foi registrar a ocorrência para atestar que ele morreu em casa. Somente no fim da tarde o corpo foi levado da sala da moradia.

- Imagina o pavor que a gente ficou. Nós ali, com ele naquele estado, sem saber o que fazer - relata Beatriz.

Atílio deixa, além da mulher, três filhas. Os familiares e amigos contam que ele era trabalhador, prestativo, alegre e tinha muitos amigos. 

Até viatura da BM ocupada

De acordo com o Samu, já na primeira ligação, às 12h30min, a família de Atílio foi informada de que havia apenas uma ambulância para os atendimentos em Viamão e que outros três casos tão graves quanto o dele aguardavam pelo socorro.

De acordo com a assessoria da Central Estadual de Regulação do Samu, a orientação foi de que a família tentasse remover Atílio por meios próprios até um hospital. Segundo parentes, essa informação só foi dada na segunda ligação, por volta das 13h, quando ele já havia falecido.

A família tentou, então, contato com a Brigada que informou não ter viatura para deslocar ao local naquele momento e que eles não deveriam remover o corpo do local.

O Diário Gaúcho tentou contato com o comando do 18º BPM ontem e não obteve retorno até o fechamento desta edição.

Convênio para mais duas

De acordo com a Central Estadual de Regulação do Samu, Viamão tem apenas uma base com uma ambulância de suporte básico. O Samu estadual já havia informado a administração municipal da necessidade de ampliação da base, uma vez que a única ambulância atende a 240 mil habitantes da cidade.

Este ano, foi firmado um convênio para ampliação. Assim, até o final de 2013, Viamão deve receber uma nova ambulância de suporte básico e outra de suporte avançado.


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