Calamidade
Água deve demorar pelo menos mais dez dias para baixar em Alvorada
Prefeitura afirma que não há o que fazer nos bairros atingidos. Projeto de construção de dique no Arroio Feijó está em avaliação na Caixa Federal
Se as perspectivas da Defesa Civil de Alvorada se confirmarem, a enchente que inunda há 11 dias mais de 90% dos bairros Americana e Nova Americana deverá se estender por pelo menos mais dez. E o pior: a prefeitura afirma que não há o que fazer de imediato para acabar com o problema. Na manhã de ontem, foi decretada situação de emergência na cidade.
Pelo último levantamento da administração municipal, as perdas já ultrapassam R$ 20 milhões. As cheias que se iniciaram em 24 de agosto atingem 31 ruas de dois bairros de Alvorada. Ao todo, 2,5 mil casas foram atingidas, prejudicando mais de 10 mil pessoas.
O Arroio Feijó, que passa ao lado dos dois bairros e segue até o Rio Gravataí - a 2km da divisa com os bairros -, transbordou no dia 24 de agosto e não tem previsão de voltar ao leito. Com início na barragem do Parque Saint Hilaire, em Viamão, o canal alcança quatro metros de profundidade em Alvorada. Só dentro da cidade, ele tem 9km de extensão.
"É uma tragédia"
Ontem, 76 pessoas permaneciam abrigadas no Ginásio Municipal de Alvorada. As demais foram para as casas de parentes.
- O que está acontecendo em Alvorada é uma tragédia. Somos a única cidade da Região Metropolitana ainda sem um dique que nos defenda das cheias. A construção dele é a nossa prioridade de governo - garantiu o prefeito Sérgio Bertoldi.
Como ajudar:
As perdas em Alvorada
- Casas e móveis atingidos - R$ 14,7 milhões
- Indústria e comércio local - R$ 500 mil
- Obras de infraestrutura - R$ 611 mil
- Gastos da prefeitura com limpeza urbana, transporte, segurança nos locais atingidos - R$ 5,3 mil
Metroplan quer reunião com prefeitos
Responsável pelo dique que percorrerá toda a extensão do Feijó, passando por Viamão, Alvorada e Porto Alegre, a Metroplan convocou uma reunião com os prefeitos das três cidades para amanhã. O objetivo do superintendente do órgão, Oscar Escher, é acionar as prefeituras para que trabalhem em conjunto quando o valor da obra for liberado pela Caixa Econômica Federal.
O projeto de R$ 220 milhões, investimento com empréstimo solicitado pelo governo do Estado, está em avaliação na Caixa desde a sexta-feira passada. A aprovação ainda não tem previsão para ser concluída.
De acordo com os técnicos da Metroplan, os estudos para o Arroio Feijó incluem a implantação de duas pequenas barragens, um reservatório de controle de cheias em Viamão, um reservatório de controle de cheias em Alvorada, duas bacias de contenção na Capital (em áreas verdes) e um dique de proteção, com casa de bombas, na Vila Nova Gleba.
Sucção não dá conta
Conforme o coordenador da Defesa Civil de Alvorada, Fernando Ramalho Forni, uma bomba de sucção que retira 250 litros de água por segundo - colocada em parceria com a Corsan e o Dep de Porto Alegre - está despejando a água do Feijó no Arroio Santo Agostinho que segue até o Gravataí, já na saída para o Guaíba. A inundação, porém, baixou apenas 20 centímetros nas últimas 24 horas. Outro problema é que voltou a chover na manhã de ontem. Fernando alerta que a água só começa a baixar quando param as chuvas.
- Esta chuva fina e contínua é o maior problema, pois ajuda a manter a cheia no mesmo nível. Esta é a maior enchente na cidade nos últimos 18 anos. Teremos pelo menos 20 dias de enchente - afirmou Fernando.