As mais de 600 medalhas e 300 troféus espalhados pela casa de cinco cômodos revelam a evolução da vendedora aposentada Edi Terezinha Menezes da Costa, 73 anos, no mundo do atletismo. Neste mês, a moradora de Esteio completa dez anos de corridas. E de uma mudança de postura que a tornou vencedora no esporte e na vida.

- Correndo, esqueço que já passei dos 70 anos. Na verdade, quando me perguntam sobre isso, digo que não tenho idade, tenho saúde - afirma, convicta.

Viúva há 23 anos, ela tem uma filha, uma neta e e dois bisnetos. Edi sempre foi uma admiradora de todos os esportes. Mas só passou a se dedicar ao hobby depois da aposentadoria, em 2003. Incentivada por amigos, começou a correr. Menos de seis meses depois, sagrou-se campeã na segunda competição da qual participava, a Rústica dos 80 anos de Bento Gonçalves:

- Passei a treinar com mais dedicação, mudei a alimentação e comecei a pedir dicas para outros atletas. Nunca mais parei.

Apesar de morar em Esteio, Edi treina em Porto Alegre. E tem as ruas da Capital como a segunda casa. Antes de competições de longa distância, costuma correr três vezes por semana do Bairro Azenha até o Bairro Restinga: cerca de 30km de longas subidas e descidas. Nos outros dois dias da semana, trabalha os músculos na academia.

"Estou sempre testando meus limites"

E foram as corridas as responsáveis por levá-la a conhecer o Brasil e a América do Sul. Edi coleciona conquistas em sete Estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) e cinco países vizinhos (Peru, Chile, Uruguai, Paraguai e Argentina). Entre as competições das quais participou estão a tradicional São Silvestre, em São Paulo, a Travessia da Ponte Rio-Niterói e dois campeonatos sul-americanos de atletismo master (Peru e Chile).

Encontro com o ídolo

Em 2010, durante a Meia Maratona de Foz do Iguaçu, no Paraná, conheceu o ídolo Vanderlei Cordeiro de Lima, ex-maratonista brasileiro - aquele que perdeu a chance de ganhar o ouro olímpico por ter sido agarrado por um maluco a poucos metros do final da maratona em Atenas (2004).

Edi recorda ter sido incentivada por ele a correr uma maratona inteira. Entusiasmada, se inscreveu na 77ª Maratona Internacional de Porto Alegre. Para sua surpresa, conquistou o primeiro lugar na categoria acima de 70 anos, correndo 42km em cinco horas e seis minutos.

- Estou sempre testando meus limites. As corridas fizeram bem para a minha saúde física e mental.

Edi estará no Mundial Master

O próximo desafio da atleta será em outubro, quando disputará a meia maratona do Campeonato Mundial de Atletismo Master. O evento será realizado em Porto Alegre - a primeira vez na América Latina. Edi disputará um lugar no pódio com quatro competidoras entre 70 e 74 anos, mas garante que não se importa com a medalha:

- O mais importante é que estarei fazendo o que gosto, ganhando novas amizades e me desafiando.