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Triste volta para casa

Em Alvorada, é hora de contabilizar prejuízos da chuvarada que inundou a cidade

Acompanhamos o retorno ao lar de famílias que precisaram deixar tudo para trás com pressa

11/09/2013 - 07h56min

Atualizada em: 11/09/2013 - 07h56min


Após 20 dias, Angélica Machado retornou para fazer a limpeza de sua residência no Bairro Americana

Passados 20 dias do início da chuvarada que inundou Porto Alegre e a Região Metropolitana, o Diário Gaúcho acompanhou ontem o retorno ao lar de famílias que precisaram deixar tudo para trás com pressa.

A água baixou, mas os prejuízos continuam subindo. Para tentar reduzir o drama, moradores se mobilizam. No Estado, há ainda 107 pessoas desabrigadas.

No céu, nem sinal de chuva. Pelo contrário, o sol brilhava em Alvorada na manhã de ontem. Mas bastava olhar as casas dos moradores do Bairro Americana, com as marcas de onde a água chegou, e as pilhas de móveis estragados em frente aos portões para saber que a região ainda contabiliza os estragos da enchente.

Depois de mais de duas semanas fora de casa, a manicure Angélica Oliveira Machado, 24 anos, voltou ontem para fazer a limpeza e contabilizar os prejuízos. Aos poucos, foi empilhando camas, armários, tevê e colchões no pátio, sem saber o que poderia ser salvo.

- A geladeira era nova, a máquina de lavar também. Não sei se vai funcionar. Ainda estava pagando a cozinha e o fogão -  lembra, sem conseguir conter o choro.

O único dia de folga foi usado para tirar o lodo de dentro da moradia. Sem poder trabalhar por uma semana, já que a escola do filho Murilo, quatro anos, também foi alagada, ela só contabiliza perdas:

- Agora é trabalhar, né? Não tem o que fazer.

● Até um peixe apareceu

Poucos metros adiante, ainda na Avenida BeiraRio, a dona de casa Nerli da Silva, 64 anos, fazia o rescaldo da enchente. Além das perdas materiais - panelas que foram para o lixo, sofá e roupeiro encharcados - ficou também o desgaste emocional:

- Foi horrível. Saí daqui levada pelos bombeiros. Tive crise nervosa, só chorava.

O marido de Nerli está no Hospital de Clínicas, com problemas respiratórios, e já poderia ter recebido alta, se a casa não estivesse tomada pela umidade. Ela ficou fora por mais de dez dias, dormindo no lar da irmã, que também acolheu outras pessoas.

- Agora é começar tudo de novo, limpar e torcer para que não chova mais - acredita.

Entre as heranças da enchente, até um peixe foi parar nos fundos da residência de Nerli. Pelo menos uma história curiosa para fazê-la sorrir em meio à tristeza.

Limpeza e doações

Moradores da Americana devem colocar os móveis danificados em frente às casas para que a prefeitura recolha. O mutirão de limpeza já começou. Quanto a doações, conforme o secretário de Trabalho, Assistência Social e Cidadania, Airton Alminhana, foram distribuídas 800 cestas (200 ainda serão entregues).

O que ainda é preciso são produtos de higiene e limpeza, além de colchões, móveis e eletrodomésticos. As famílias devem se cadastrar na secretaria, onde também devem ser levadas as doações: Rua Wenceslau Fontoura, 126, das 8h às 17h.

Pedido de auxílio

Um documento elaborado pelas cidades que integram a Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre  (Granpal) foi encaminhado ontem para o governo federal.

Os prefeitos solicitaram a reabertura do Pac Drenagem, que previa investimentos para esse tipo de intervenção em rios e arroios. Também pediram que a linha de crédito Minha Casa Melhor, que possibilita a compra de móveis com juros menores para quem tem o Minha Casa Minha Vida, seja ofertada para as famílias que tiveram prejuízos com as cheias.


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