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Futuro incerto

Famílias da Avenida Tronco aguardam remoção e novas moradias

Demora na construção de novas casas angustia os moradores

14/09/2013 - 10h40min

Atualizada em: 14/09/2013 - 10h40min


A obra na Avenida Tronco, em Porto Alegre mexerá na vida de 1.525 famílias. Destes, 361 ainda não têm ideia do futuro, pois o Demhab ainda não finalizou os cadastros. É o caso da turma comandada pela doméstica Geni da Silva Gonçalves, 59 anos, e que vive na região há 29 anos. Boa parte da demora se explica pela não construção de novas moradias.


O aroma de comida caseira preenche a espaçosa cozinha da doméstica Geni da Silva Gonçalves, 59 anos. Esse é o lugar favorito dela na casa da Avenida Tronco, onde mora há 29 anos. E de onde terá de sair em função da duplicação da via, mas não sabe quando, nem para onde. É um dos 1.525 lares que terão o destino mudado.


Enquanto comanda as panelas e prepara as refeições para o casal de filhos, o genro e os três netos, ela observa máquinas e operários trabalharem na via, cujo nome oficial é Moab Caldas.


Mas os R$ 156 milhões de recursos previstos para a obra não aliviam a sua angústia:


- Não tem nada decidido. Pedi avaliação da casa, mas eles (Demhab) ainda não vieram. Não vou sair se eles não me pagarem.


Amplo espaço para a família


As mudanças pelas quais a moradia passou ao longo dos anos se misturam com a história da família. A velha casa de madeira ficou para trás e, aos poucos, peças de alvenaria foram feitas.


Perto da cozinha, uma área abriga os encontros familiares, como aniversários e festas de fim de ano. A sacada ampla é o espaço para sentar e conversar. Os três quartos são arejados e comportam móveis que a dona da casa não sabe se vão caber em um imóvel menor:


Onde é que eu vou colocar tudo isso?


Apesar de chateada com a perspectiva da mudança, ela diz entender a situação. Quer, contudo, receber um retorno justo. Geni fez um cadastro para ela e outro para a família da filha, mas não chegou a incluir o filho, que não estava em casa.


Perda de uma renda mensal


Agora, Geni busca correção:


- São três famílias que moram aqui. A gente construiu com sacrifício, mas se tem que sair, tem que sair.


A família terá ainda outro prejuízo: o aluguel de uma sala comercial na parte debaixo, que ajuda na renda mensal. 


Apego à vizinhança


Além da estrutura da casa, outro fator que conta muito para Geni é a localização, perto do posto de saúde, escolas e linhas de ônibus:


- Aqui tem psicólogo, dentista, fisioterapeuta no Postão (Cruzeiro). Onde vou conseguir isso em outro lugar?


A doméstica conta que os filhos estudaram nas proximidades, e os netos também. Afirma ainda que outros familiares moram no entorno, e costumam visitá-la quase todos os dias. E não poupa elogios à vizinhança:


- São ótimos, todos muito bons. Eu adoro morar aqui.


Segundo o Demhab, o processo de Geni foi aberto em 21 de agosto e está na Coordenação Técnica Social para conferir se havia sido cadastrada em 2011.


Depois, vai para a área de arquitetura, a fim de verificar se o endereço será atingido pelas obras. Se sim, será encaminhado à empresa de engenharia - cujo prazo médio é de 90 dias.


A situação das obras


Inicialmente prevista para a Copa de 2014, a duplicação da Avenida Tronco foi retirada da pauta. Agora, integra as obras do Pac da Mobilidade Urbana, sem prazo especificado.


Coordenador técnico das obras, Rogério Baú diz que são três frentes de trabalho em 5,6km: avenidas Teresópolis, Gastão Mazeron e Tronco. Nas duas primeiras, o ritmo está dentro do esperado. Já na terceira...


- No miolo da Tronco, temos como desafio os reassentamentos.


Para a obra avançar, é fundamental o início da construção das 1.550 casas em áreas em um raio de 2km da Vila Cruzeiro. Mas elas continuam só no papel.


Realidade


Segundo o Demhab, a situação das 1.525 famílias cadastradas na Vila Tronco é a seguinte:


- 374 receberam bônus-moradia de R$ 52.340 cada (espécie de carta de crédito, que só será do pretendente depois da avaliação da prefeitura).


- 100 foram indenizadas (no mínimo, R$ 52.340) e foram buscar outro local para morar.


- 90 recebem aluguel social de R$ 500 por mês.


- 600 processos estão tramitando, contudo 361 famílias ainda estão indefinidas.


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