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Presentes além do orçamento

Saiba como explicar às crianças que o Papai Noel não atenderá a todos os pedidos

O que fazer quando os filhos pedem mimos que não cabem no orçamento familiar ou provocam endividamento? Psicóloga dá dicas para os pais

13/12/2013 - 10h01min

Atualizada em: 13/12/2013 - 10h01min


Tão logo surgem as primeiras decorações natalinas no comércio, as crianças ficam empolgadas com a possibilidade de ganhar o sonhado presente do Papai Noel. A lista da gurizada costuma contemplar pedidos de todos os tipos e valores, mas que nem sempre cabem no bolso. E aí é que surge o dilema de muitos pais: o que fazer?


Para não comprometer o orçamento além da conta e, ao mesmo tempo, evitar que fique um clima ruim no Natal, a solução está no diálogo. É o que orienta a psicóloga e coordenadora da especialização em Psicologia da Criança e do Adolescente da Unisinos, Michele Scheffel Schneider.


- Conversar com a criança sobre as possibilidades e o significado do presente pode ser uma alternativa. Não tem um jeito único de fazer. Cada um vai descobrir o seu jeito - explica.


Espaço para o diálogo


Em Viamão, a família do autônomo Carlos Henrique de Almeida, 31 anos, e da auxiliar de serviços gerais desempregada Viviane dos Santos Gonçalves, 32 anos, parece ter encontrado a sua fórmula para fazer com que os seis filhos entendam que nem tudo pode ser comprado.


- A gente conversa muito com eles, explica e eles entendem. Vontade de dar os presentes a gente tem, mas precisa ter esse diálogo - observa a mãe.


Como a turma é grande, as lembranças de Natal precisam ser muito bem equilibradas, e pedidos como o de Marcus Vinícius, 11 anos, que gostaria de um Play 2 para substituir o outro que ele havia ganhado de doação e foi roubado este ano, além de um uniforme do Inter, não cabem no orçamento da família.


- Se eu ganhar, tudo bem. Mas, se eu não ganhar, não vou ficar triste. Eu entendo bem - garante o garoto.


De qualquer forma, ele não perdeu a esperança no espírito natalino. Mandou a sua cartinha para o Papai Noel do Diário Gaúcho, sonhando com uma resposta positiva.


Família busca opções para atender os filhos


Marcus Vinícius tem cinco irmãos. Matheus, 16 anos, e Bianca, 14 anos, são os maiores.


Os três pequenos, por sua vez, também mandaram cartinhas para o Papai Noel do DG.


Bruno, oito anos, pediu bonecos do Max Steel e material escolar; Mariana, cinco anos, quer uma Barbie e material escolar; e Miguel, um ano, gostaria de uma sandália da Galinha Pintadinha e um brinquedo dos Backyardigans.


Como são muitos os pedidos, os pais procuram outras alternativas para que ninguém fique sem uma lembrancinha.


- Eles vão nas festinhas comunitárias e os avós também dão um presentinho, além de levar eles pra passear e se distrair no dia do Natal - relata a mãe.


"Quanda dá, a gente compra"


Ela se alegra com o fato de os quatro filhos mais velhos fazerem cursos no horário inverso ao da escola, que vão de atividades profissionalizantes a oficinas de música. E também porque todos estão com o boletim cheio de notas boas, o que só aumenta a vontade de dar presentes para todos. Mas o bom senso prevalece.


- A gente vai esperando. Quando dá, compramos uma coisinha que cada um quer - ensina Viviane.


Um bom aprendizado para todos


A psicóloga e coordenadora da especialização em Psicologia da Criança e do Adolescente da Unisinos, Michele Scheffel Schneider, propõe algumas reflexões para tornar o dilema da compra dos presentes um aprendizado para toda a família.


Como lidar


Conversa é fundamental


- A melhor forma de lidar com a situação é entender que a frustração (por não ganhar o presente pedido) faz parte da vida e é necessária para o crescimento e desenvolvimento de todos. É um aspecto que deve ser trabalhado e, não necessariamente, evitado.


- Trabalhe com os seus filhos as negociações, no sentido de eles entenderem o real significado dos presentes. E mais: essa forma de agir não deve ocorrer somente no Natal. Seria importante que ela fizesse parte do cotidiano das famílias ao longo de todo o ano.


- É muito importante levar em consideração a idade cronológica e o nível de entendimento dos filhos.


- Para falar com uma criança de três anos, por exemplo, é preciso ser explicativo. Como ela não tem noção do que é caro ou barato, é preciso ensinar a questão dos valores.


- Já para uma criança maior ou um adolescente, que tem entendimento dessa questão, o sentido é o de reforçar esse aspecto.


- Dê espaço para que eles digam quais são as outras opções de presente que gostariam de ganhar.


- Para os pequenos, o que conta mais é a quantidade de presentes, e não tanto o valor.


- Com os maiores, é possível ter mais diálogo. Quem sabe, um presente mais caro pode valer para o Natal e o aniversário?


Evite ilusões


- O complicado é quando as famílias criam uma ilusão nas crianças, oferecendo presentes que não estão de acordo com a sua realidade. E, para dar conta disso, criam dívidas, muitas vezes difíceis de serem sanadas.


- Esse funcionamento pode prejudicar a dinâmica familiar e repercutir negativamente na relação com os filhos, muito mais do que a frustração causada por não ganhar o presente desejado.


É a vontade do filho ou a sua?


- Muitas vezes, a vontade de adquirir determinado presente é mais dos pais do que da própria criança. Assim, o real desejo da criança pode não ser escutado ou, ainda, pode não ter espaço para aparecer, prejudicando sua autonomia e autoestima.


- Se os pais estão com dificuldades em dizer não, isso é que deve ser trabalhado e pensado. Nesse sentido, o "sim" para a criança não deve ser dado para abafar a dificuldade dos pais, mas para realmente representar uma combinação feita com a criança, um desejo dela.


Vá além do material


- É importante ficar atento para o convívio em família que, muitas vezes, é substituído pelo presente.


- Ter um tempo com o filho, não só dar os presentes, mas brincar com aquilo que foi dado, é uma forma de possibilitar o diálogo e a troca de afeto.


- Essas atitudes tendem a despertar e reforçar os sentimentos de amor e solidariedade.


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