Solidariedade
Dona Zezé comanda Forno Comunitário em Capão da Canoa
Maria José Matos da Silva comemora 17 anos de ajuda às famílias carentes da cidade do Litoral Norte
Pequena no tamanho, mas com um coração gigantesco, Maria José Matos da Silva, 68 anos, não se cansa de acolher quem bate à porta do Forno Comunitário Madre Assunta, no Bairro Santa Luzia, em Capão da Canoa, no Litoral Norte. Seja um morador pedindo comida ou um doador desejando contribuir para a causa, todos são recebidos de braços abertos por Dona Zezé, como é carinhosamente chamada, do alto dos seus 1m50cm. E lá se vão 17 anos desde que produziu sozinha os primeiros pães num forno improvisado nos fundos de casa e os distribuiu para dez vizinhos.
A história de Dona Zezé já passou pelas páginas do Diário Gaúcho duas vezes, a última em 2009. De lá para cá, a ação solidária só aumentou. Hoje, ela entrega muito mais do que pães a 100 famílias das vilas de Capão da Canoa. Saem cestas básicas, roupas, calçados, móveis usados e novos. Ela redistribui entre os carentes tudo o que chega por meio de doações.
- Eu vivo para ajudar ao próximo. E, para a minha felicidade, sempre tenho anjos batendo na minha porta para fazer com que isso aconteça - comemora Dona Zezé.
Produção recomeça em março
No período do verão, quando aumenta a oferta de emprego no Litoral Norte, as cinco voluntárias fixas que ajudam a assar semanalmente mil pães se afastam para trabalhar com faxinas. Justamente nesta época, Dona Zezé suspende a produção. Neste ano, só recomeçará em 4 março. Até lá, serão as outras doações que darão ânimo às famílias necessitadas e, principalmente, para Zezé.
- Sempre penso que se a gente quer, a gente faz. Com fé e amor a gente sempre chega lá - acredita, confiante.
Vila Arco Íris fica mais colorida
Mãe de 11 filhos, seis deles são casais de gêmeos, a recicladora Marta dos Santos Fagundes, 37 anos, da Vila Arco Íris, lembra do dia em que pediu ajuda numa rádio comunitária e, em seguida, recebeu uma visita inesperada.
- Eu estava doente e não podia recolher de carroça o material. Me obriguei a pedir ajuda. No mesmo dia, Dona Zezé apareceu com uma sacola de comida. Ela é uma santinha - diz Marta.
Dez anos depois, Zezé segue auxiliando a família da recicladora. Todas as semanas, Marta vai de carroça com os filhos buscar os pães do forno comunitário. No período do verão, ela é contemplada com cestas básicas.
- A Marta é uma mulher guerreira que merece apoio para seguir com a família unida - justifica Zezé.
"Ela é um exemplo para todos"
A despensa com cerca de quatro metros quadrados da casa de quatro peças de Dona Zezé se expande, assim como o olhar dela, a cada nova doação que chega ao forno comunitário, diariamente. Emocionada com uma reportagem sobre a ação, divulgada na RBSTV em dezembro do ano passado, a corretora de imóveis Giovana Nara Gress, 38 anos, moradora de Capão da Canoa, não se conteve e foi até o Bairro Santa Luzia colaborar com a causa.
- Muitos têm tanto e não dividem. Dona Zezé mostra que a vida é muito mais do que apenas ter para si. Ela é um exemplo para todos - afirma Giovana, que promete voltar em março para aprender a fazer pão.
Para ajudar
A fabricação de pães recomeça em 4 de março. Mas o projeto Forno Comunitário Madre Assunta aceita doações de farinha de trigo, açúcar, fermento para pão, feijão, arroz e outros alimentos pertencentes à cesta básica.
O endereço é Rua Getúlio Vargas, 364, Bairro Santa Luzia, Capão da Canoa.
Telefone: (51) 3625-5138.