Mais um problema
O perigo de armazenar água em casa durante o verão
O desabastecimento que ocorre na Capital e Região Metropolitana traz um outro perigo: pessoas guardam o líquido, que pode virar foco de doenças
Comum no período mais quente do ano, a falta de água faz com que panelas, garrafas, baldes e piscinas virem reservatórios improvisados. É o jeito para amenizar o drama. Porém, pode atrair doenças - em mais uma consequência cruel da falta de estrutura pública para prover o cidadão.
A equipe de Águas da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde (CGVS) de Porto Alegre alerta que é preciso cuidado com as alternativas às torneiras secas.
Líquido não tratado é prejuízo
O engenheiro químico Rogério Balestrin, da equipe da CGVS, ressalta a necessidade de reservar apenas um recipiente para água a ser usada na higiene pessoal e no cozimento dos alimentos.
- Use a mesma garrafa sempre para a mesma função, e ela precisa ter tampa com rosca. Jamais reserve a água em tonéis, tanques ou baldes - destaca.
Com relação às piscinas, água não tratada pode causar doenças de pele, conjuntivite, diarreia e até hepatite. Rogério afirma que prolongar o uso da água colocando gotas de água sanitária não é uma atitude recomendável.
Cuidado com os mosquitos
Para piscinas de médio porte (3 mil a 4 mil litros), ele sugere cloro em pastilhas, encontrado em súper ou loja especializada. Já as maiores devem ter a água trocada quando não estiver mais clara:
- Água não tratada ajuda na proliferação de vetores, como o mosquito da dengue.
Dona de uma piscina de plástico, Vani Fernandes Ilha, 43 anos, da Vila Timbaúva 2, no Bairro Mario Quintana, em Porto Alegre, admite que não toma todos os cuidados. No lugar de colocar cloro, Vani prefere trocar a água a cada dois dias:
- Como a minha filha é alérgica ao cloro, prefiro trocar a água, jogando-a fora, e lavar a piscina.
Capital: agrura em 29 bairros
A falta de luz em duas estação de bombeamento de água do Dmae comprometeu o abastecimento de 29 bairros de Porto Alegre na sexta-feira, incluindo o Centro.
A falha ocorreu na madrugada nas estações de bombeamento de Água Bruta São João e Moinhos de Vento, que abastecem cerca de 60% da população da Capital. Boa parte da cidade entrou a noite sem água. O serviço deveria ser normalizado até a madrugada.
Tome cuidado ao estocar
Dicas: Rogério Balestrin, engenheiro químico da Vigilância da Qualidade da Água, da CGVS
- O recipiente para guardar a água que será usada para higiene e cozimento deve ser usado só para isso e precisa ter tampa (de preferência, com rosca).
- Jamais armazene água em tonéis, baldes ou tanques. Podem se tornar fonte de proliferação de mosquitos.
- Para conservar a água da piscina, adicione diariamente uma colher de cloro líquido para cada mil litros. O produto fica em recipientes flutuantes.
- Se usar água sanitária, a dosagem deve ser de 60ml/1000 litros/dia. Isso deve ser feito após o último banho do dia, porque é necessário aguardar pelo menos dez horas até reutilizá-la.
- Para quem não tem como manter a água da piscina tratada, a recomendação é protegê-la com tela malha um. Lonas ou plásticos não devem ser utilizados pois acumulam água na superfície.
Fique atento à desidratação
Fonte: Maria Helena Weber, nutricionista e professora da Feevale
- A alta temperatura, associada a maus hábitos, pode acabar resultando em desidratação, com possibilidade de danos.
- Quando a reposição de líquidos e eletrólitos não é adequada, o corpo sofre com um estresse fisiológico: a temperatura corporal sobe, aumentando também o esforço do sistema cardiovascular.
- Mesmo em desidratações leves, onde há perda de até 2% do peso corporal, a temperatura do corpo aumenta até 0,4°C para cada ponto percentual.
- Se esta perda chegar a 6%, ocorre a fadiga térmica, que pode induzir ao coma e até mesmo levar à morte da pessoa.