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Refresco vale a moedinha

Ar-condicionado nos ônibus faz a diferença

O Diário Gaúcho testou a temperatura no interior de dois coletivos, um com e outro sem ar-condicionado. Usuários garantem que vale a pena pagar mais R$ 0,10

13/02/2014 - 09h31min

Atualizada em: 13/02/2014 - 09h31min


Não são só R$ 0,10 - quantia da passagem de ônibus que poderá baratear, caso a frota de Porto Alegre seja definitivamente privada de ar-condicionado -, que estão em jogo. No interior dos coletivos, a diferença é, na realidade, de até 10ºC. Munido de um termômetro, no final da manhã de ontem, o Diário Gaúcho embarcou em viagens para verificar a temperatura em dois coletivos na Capital e constatou a discrepância que cria duas situações: uma suarenta e outra aprazível. A exclusão do ar-condicionado dos veículos é um dos itens da nova licitação dos ônibus de Porto Alegre que está motivando discussões. Hoje, 36% dos 1,7 mil coletivos que circulam na Capital têm ar-condicionado.

Usuários querem mais conforto

Enquanto o coletivo equipado com ar-condicionado alcançou 25,4ºC, o veículo sem refrigeração chegou a beirar os 35ºC. Nos termômetros de rua, a temperatura era de 33ºC. Nenhum dos dois ônibus estava completamente lotado. O teste foi feito entre 11h e 12h30min.

- O calor é normal no verão. Mas, se estivesse num ônibus com ar-condicionado, seria mais suportável, bem melhor. Ter um pouco de conforto é o mínimo que podemos querer - opinou o aposentado Valci de Sousa, 63 anos, que tomou um ônibus da linha Santo Agostinho - Sertório rumo ao Sarandi, onde mora.

Sentado na parte da frente do ônibus, no lado em que o calor do sol era sentido através do vidro, Valci viu o termômetro chegar a 34ºC - a escalada foi de 33,4ºC, 33,5ºC, 33,7ºC, até 34ºC. Para enfrentar o calor, chinelos e roupas leves. A toalha era levada ao rosto, para secar o suor.

- O nosso calor está cada vez pior e o ar-condicionado faria jus à nossa tarifa - opinou a professora Lena Maia, 57 anos, no mesmo ônibus.

Uma viagem mais fresca e agradável

Já na linha T1-Direta, o ambiente parecia mais ameno. Isso porque, tão logo o motor foi ligado no Terminal Triângulo, a temperatura começou a baixar: de 27ºC para 26,6ºC, 26,3ºC, 25,6ºC, até 25,4ºC.

- Todos os ônibus têm que ter ar-condicionado. Tenho pressão alta e me sinto muito mal no calor. O ar amenizaria até a superlotação dos ônibus. Não adianta baixar o preço da passagem se não vamos ter o mínimo de condições - afirmou a doméstica Jorlanda Berenice Silva, 58 anos.

A esteticista Marlene Maria Scheid, 57 anos, engrossou o coro:

- Quase desmaio neste calor. Mesmo que se tenha que pagar mais, sou a favor do ar-condicionado. Mas tinha que ter em todos os ônibus e não só em alguns.

Discussão é forte

O titular da EPTC, Vanderlei Cappellari, favorável à ideia da não refrigeração, reconhece que a discussão é forte.

- O momento é difícil. A temperatura escaldante induz as pessoas a optarem pelo ar-condicionado. Mas temos que lembrar que há mais dez meses no ano.

Saiba mais sobre a licitação

- Assim que for publicado o edital, no dia 5 de março, as empresas interessadas terão no mínimo 45 dias para apresentar propostas. Quem atender a todos os requisitos técnicos e oferecer a menor tarifa será vencedor. O prazo de concessão deve ser de dez anos, podendo ser prorrogado por mais dez. Mas este item ainda está em discussão.

- A cidade foi dividida em quatro bacias: Sul, Leste, Norte e Pública Transversal (Carris). Hoje, há 13 empresas em operação. Depois da licitação, serão apenas quatro. As empresas poderão apresentar propostas para as três bacias. Mas cada empresa só poderá atuar numa delas. As vencedoras assumirão gradativamente.

- Na terça-feira passada, Conselheiros do Orçamento Participativo (Cop) debateram o edital de licitação das linhas de transporte coletivo. Eles reafirmaram a solicitação das comunidades para observar o custo-benefício do uso de ar-condicionado em todas as linhas de ônibus, ampliação do itinerário de algumas linhas, revisão das isenções, os subsídios nos anúncios publicitários nos ônibus e o controle da fiscalização dos serviços, inclusive o número de passageiros permitido.

- No período entre 12 e 24 de fevereiro, as propostas serão apresentadas pelo governo nos Fóruns de Delegados das 17 Regiões e seis Temáticas do OP.

- No dia 25, em reunião do Cop, serão apresentadas e discutidas com o governo municipal as considerações e deliberações. Desse encontro, resultará a proposta de licitação a ser apresentada na audiência pública do dia 27.

População será ouvida

Para ouvir as reivindicações da população, a prefeitura, por intermédio da EPTC, está convocando uma audiência pública sobre a licitação dos ônibus da Capital. O evento acontecerá no dia 27, na Câmara de Vereadores (Avenida Loureiro da Silva, 255), das 19h às 22h.

Primeiro, será feita uma exposição demonstrando as diretrizes da licitação do transporte coletivo. Depois disso, será dada a palavra aos participantes que estiverem devidamente inscritos, mediante o preenchimento de ficha disponível no local.

No evento, a população poderá tirar as suas dúvidas e expor as suas opiniões e anseios sobre toda a polêmica envolvendo o assunto.


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