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Caderneta de poupança deixou de ser um bom negócio no primeiro semestre do ano

O valor de depósitos perante os saques da caderneta é o menor em três anos. Juros altos aumentam o endividamento, e não sobra dinheiro para guardar. Apesar do cenário desfavorável, economistas ainda recomendam a aplicação.

18/07/2014 - 08h02min

Atualizada em: 18/07/2014 - 08h02min


Quem pagou as contas, viu que sobrou um dinheirinho e decidiu depositar as economias na poupança não fez um bom negócio neste primeiro semestre. Isso porque o ganho da aplicação da poupança (3,47%) foi menor que a inflação (o IPCA acumulado no período foi de 3,75%).

A inflação mais alta também causou desinteresse pela caderneta, que atraiu menos dinheiro dos investidores na primeira metade do ano. Também com os juros mais altos do crédito (o que aumenta o endividamento das famílias), é provável que muitos poupadores tenham vivido a necessidade de retirar dinheiro da aplicação para pagar dívidas.

Segundo o Banco Central, os depósitos superaram os saques em R$ 9,6 bilhões no primeiro semestre. O valor é o menor em três anos e representa queda de 66% em relação ao resultado do mesmo período de 2013, quando alcançou R$ 28,3 bilhões.

Conforme o diretor-executivo de estudos econômicos da Associação Nacional de Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, a tendência para os próximos meses é a continuidade de redução nos investimentos em poupança.

- Esse cenário de inflação mais alta corroendo a renda, juros altos, baixo crescimento e desemprego em alguns segmentos vai persistir - projeta.

Caderneta ainda é opção para pequenos investidores
Mesmo assim, economistas ainda citam a poupança como alternativa de investimento. O corretor de imóveis Zaqueu Oliveira, 42 anos, concorda.

- Tenho poupança e acho que é uma forma de guardar dinheiro, mesmo que a remuneração não compense, para ter uma reserva - avalia Zaqueu.

O economista da Fundação de Economia e Estatística (Fee), Augusto Pinho de Bem, explica:

- Foi uma perda, mas não foi tão grande. Para quem tem pouco dinheiro e pode ter a necessidade imediata do saque, a poupança ainda é o melhor investimento.

Além disso, a poupança é isenta de imposto de renda. Depois de aberta (há bancos em que não há valor mínimo para abrir uma poupança), o investidor pode fazer depósitos de qualquer valor, independentemente do dia do mês.

- Há outras opções de investimento, que dependem do recurso que a pessoa tem disponível e do tempo que poderá deixar aplicado - avalia o economista e educador financeiro Everton Lopes.

Outras opções:
CDB
São títulos emitidos pelos bancos. Ao comprá-lo, o investidor empresta dinheiro ao banco e recebe em troca o pagamento de juros.

Para isso, é necessário procurar o banco. Há instituições em que o valor inicial é de R$ 200.

É interessante para quem pode deixar o dinheiro aplicado a médio prazo. Geralmente, o prazo varia entre 30 e 180 dias. O dinheiro até pode ser sacado antes, mas aí o investidor pagará IOF. As alíquotas de Imposto de Renda são, em geral, de 20%. São regressivas de acordo com o tempo de permanência.

Quanto mais alto o valor aplicado, melhor deverá ser o retorno a ser recebido do banco.
A taxa paga pelo banco pode ser pré-fixada (neste caso, o investidor tem a previsão do quanto vai ganhar), mas há outras opções. No caso da pós-fixada, o rendimento é indexado a algum índice (nesta, não é possível saber, de antemão, quanto o investidor vai receber).

Há o pagamento de Imposto de Renda sobre o rendimento da aplicação, e a taxa varia conforme o tempo de contratação. Para o investidor, a operação custa, em média, 10,79% ao ano (para 30 dias contratados).

Tesouro Direto
É um programa de investimento. O interessado empresta dinheiro para o governo e recebe juros em troca. A partir de R$ 80 é possível comprar títulos públicos. Há vários tipos, que podem ser escolhidos de acordo com o perfil do investidor - no site do Tesouro (www.tesouro.fazenda.gov.br) há um teste para descobrir o seu perfil.

Há, por exemplo, um título que permite saber o valor que será recebido ao final do prazo de vencimento. A rentabilidade é garantida se o investidor que comprar o título e ficar com ele até o vencimento.

Há o pagamento de Imposto de Renda sobre o rendimento da aplicação, mas a alíquota é reduzida com o aumento do prazo da aplicação.

Caso a pessoa precise do dinheiro antes do vencimento, o Tesouro recompra o título com base no valor de mercado, sempre às quartas-feiras.

Para começar a investir, é necessário cadastrar-se numa instituição financeira. O site do Tesouro traz a lista das instituições. O investidor recebe uma senha por e-mail. É necessário ter CPF.

O custo mínimo da operação é de 0,4% no primeiro ano (dependendo do banco ou da corretora escolhida). O risco é baixo porque o devedor é o governo brasileiro.

Simulação
Quem aplica R$ 1 mil (sem nenhum depósito mensal a mais) terá o seguinte rendimento após um ano:

* Poupança (taxa de 0,64% a.m): R$ 1.079,96

* CDB (taxa 0,86% a.m): R$ 1.108

* Tesouro Direto: 1.082,20 (baseado no índice médio de rentabilidade, que teve valorização de 8,22% nos últimos 12 meses)


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