Terminal Parobé
Faltam lixeiras no terminal Parobé, no centro de Porto Alegre
Sem recipientes na área de embarque, fiscais de ônibus são obrigados a pendurar sacos plásticos para descarte de resíduos
No país do improviso, saquinho de supermercado vira lixeira. Esta foi a solução encontrada por rodoviários para evitar que o terminal de ônibus da Praça Parobé, no Centro da Capital, vire um depósito de lixo. A plataforma por onde passam cerca de 100 mil pessoas por dia não tem recipientes fixos para descarte de papéis e outros resíduos. Sem os equipamentos, usuários do transporte coletivo são obrigados a jogar o que não presta no chão.
Improviso bem-intencionado
Fiscais de ônibus como Carlos da Silva, 48 anos, usam o famoso jeitinho brasileiro para manter o ambiente de trabalho limpo. No lugar onde deveria haver lixeiras, eles penduraram sacos plásticos. A alternativa - bem-intencionada - não é suficiente para impedir que passageiros pisem em papéis de balas e tocos de cigarro. A única lixeira existente fica na área fora do terminal. Para comparar: na Praça da Alfândega, outro ponto de grande circulação de pedestres, existem cerca de 70 lixeiras.
- Às vezes, a gente coloca esses sacos aqui para que os passageiros não joguem o lixo no chão - explicou Carlos.
Denir decidiu levar o lixo para casa
Segundo ele, o terminal chegou a ter mais de dez lixeiras, mas os equipamentos destruídos por vândalos não foram repostos. Ontem, a reportagem encontrou dois saquinhos pendurados, mas nem todos que circulam por ali enxergam onde eles estão. O pedreiro Denir Guimarães, 60 anos, não sabia o que fazer com o papel na mão.
- É uma vergonha, tinha de ter uma lixeira aqui. Vou levar esse papelzinho para jogar no lixo da minha casa - afirmou Denir, antes de colocar aquela bolinha amassada no bolso.
Em vez de lixeiras, contêineres
Em novembro do ano passado, o DMLU apresentou um projeto para aquisição de 5 mil lixeiras com investimento previsto de R$ 1,2 milhão. Na última compra, em 2008, o órgão havia adquirido 8 mil equipamentos. Porém, segundo a assessoria do órgão, neste momento, não há previsão de instalação de novas lixeiras na cidade.
Mais 1,2 mil equipamentos
Em compensação, o número de equipamentos para descarte de lixo orgânico vai aumentar. Segundo o DMLU, em agosto, será assinado o contrato com a empresa vencedora da licitação, que terá 120 dias para instalar 1,2 mil contêineres, duplicando o serviço de coleta mecanizada na cidade. O novo lote contemplará 11 bairros de forma integral (Centro, Independência, Bonfim, Farroupilha, Cidade Baixa, Moinhos de Vento, Auxiliadora, Mont Serrat, Bela Vista, Rio Branco e Praia de Belas) e oito parcialmente (Floresta, São João, Higienópolis, Petrópolis, Santa Cecília, Santana, Azenha e Menino Deus).
Legislação prevê multa para sujões
Mesmo sem lixeiras no Terminal Parobé, jogar lixo no chão pode render multa para o autor do descarte irregular. Em vigor há três meses, a lei municipal que prevê punição para quem desrespeitar as regras apresenta números tímidos. Segundo dados da prefeitura, os 33 fiscais em ação aplicaram apenas 83 autuações até agora _ menos de uma por dia, na média. Além disso, os agentes municipais verificam apenas 40% das denúncias, dentro de um prazo que pode chegar a 30 dias. Quando o fiscal constata a infração, identifica o cidadão, que é convidado a recolher o lixo jogado na rua ou descartado no lugar errado. Se não cumpre, recebe multa de R$ 263,82 a R$ 4.221,21.