Há duas semanas, Imar Rodrigues da Silva, 52 anos, passa o dia sentado sobre o gramado do trevo da Avenida Presidente João Goulart, ao lado da Usina do Gasômetro, acompanhado da brisa do Guaíba, na Capital. Este é local de trabalho do autônomo que atua com pintura e lavagem de ônibus, mas que, nesta época do ano, está ganhando dinheiro como cuidador de cavaletes de propaganda eleitoral. A atividade se torna cada vez mais comum com o andamento da campanha.
A função dos cuidadores é evitar que o material seja extraviado ao longo do dia. Imar começa às 9h e vai até às 18h30min, quando são retiradas as propagandas. Como manda a legislação eleitoral, os cavaletes não podem passar a noite na rua.
- Não dá para deixar sozinho, cai com o vento, rasgam... Esses dias, passaram dois rapazes de bicicleta quebrando os cavaletes - salienta Imar.
Morador do Bairro Serraria, ele ganha R$ 35 por dia, além de almoço e vale-transporte. Imar fica o tempo inteiro junto ao cavalete do seu candidato, com cerca de 3m. Dá apenas umas voltas nas proximidades para esticar as pernas, mas garante que não tira o olho do material do candidato. Pela terceira eleição na função, ele diz que o tédio passa longe:
- É bom, tem bastante movimento de carros (se referindo à avenida). As horas passam ligeiro.

De pé é mais caro

Na esquina da Avenida Ipiranga com a Siva Só, Michele Araújo, 21 anos, ganha R$ 50 por dia, além da alimentação e vale-transporte, para segurar um banner. Neste caso, ela não pode sentar e deve cuidar para que a figura do candidato fique bem exposta para a rua, sem prejudicar a circulação de pedestres na calçada. Mãe de um bebê de três meses e sem emprego fixo, consegue garantir uma renda de R$ 300 por semana.
- É um bom dinheiro, dá para comprar as fraldas e o leite do meu filho. E é bom, eu gosto, não faço força, não faço nada, simplesmente fico segurando a propaganda _ afirma.
Michele ainda conta com a vantagem de ter a companhia de uma cuidadora responsável pelo cavalete de outro candidato. Conversando, a jornada de trabalho - que vai das 8h às 18h - fica mais leve, segundo elas.

O que pode e o que não pode

Fonte de renda para trabalhadores, a exposição de cavaletes nas vias públicas deve obedecer às regras da legislação:

A lei permite a colocação de cavaletes, bonecos e cartazes ao longo das vias públicas, desde que sejam móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito de pessoas e veículos.

A propaganda só pode ficar exposta entre as 6h e as 22h. Não é permitido colocar propaganda em postes de iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e árvores.

Em locais particulares, pode-se fixar faixas, placas, cartazes, pinturas ou inscrições, desde que não excedam a 4m².

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