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Legado da Copa

Remendos de obras da Copa em Porto Alegre

Obras que foram liberadas para o evento estarão em manutenção nos próximos meses

16/08/2014 - 09h03min

Atualizada em: 16/08/2014 - 09h03min


Engana-se quem imaginava o fim dos canteiros de obras em Porto Alegre. Mesmo insistindo que não houve improviso, a prefeitura da Capital confirma que sete obras inauguradas ou liberadas parcialmente pouco antes do início da Copa do Mundo estarão em manutenção nos próximos meses. Entre elas, os viadutos da Avenida Júlio de Castilhos, no Centro, e Abdias Nascimento (Pinheiro Borda), próximo ao Beira-Rio, e os três corredores de ônibus que futuramente servirão aos BRTs.

O diretor da Divisão de Obras e Serviços Especiais (Dope), engenheiro José Carlos Keim, adianta-se em dizer que é comum adequações depois que as obras são entregues. Já o coordenador técnico das obras de mobilidade urbana de Porto Alegre, Rogério Baú, prefere dizer que são "adequações de acabamento". Cada obra teve um inventário realizado pelos técnicos da Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov), uma espécie de pente-fino avaliando as condições técnicas e de acabamento. 

- São situações de refazimento. Não deveria ocorrer, mas acontece em todo o nível de obras. Isso pode ocorrer até numa obra em casa - justifica Rogério.

"Houve erro na execução"

Inaugurado no início de junho, o Viaduto Abdias Nascimento, próximo ao Beira-Rio, passará por adequações a partir da primeira quinzena de setembro. As obras durarão 45 dias. Os guarda-rodas - muretas laterais - serão retirados e refeitos. Para isso, uma das pistas ficará bloqueada para o trânsito.

- A estrutura do viaduto não oferece risco ao trânsito, mas apresentou erros de acabamento. A decisão de refazer as proteções laterais surgiu depois da avaliação final da obra. Não houve correria para entregá-la antes da Copa, houve erro na execução - esclarece Rogério.
Para o professor do curso de Engenheira Civil da Unisinos, Felipe Sousa, a pressa em inaugurar o viaduto antes da Copa pode ter prejudicado os acabamentos da obra.

- Se houver pressa e as normas forem seguidas não haverá perda de vida útil, mas podem ocorrer problemas de acabamento. Penso ser este o caso do viaduto próximo ao Beira-Rio, que possui alguns visíveis problemas de acabamento que devem ser corrigidos - diz.

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Prefeitura não paga consertos

Outra obra que nem completou dois meses e já está em reformas é o corredor de ônibus da Avenida Padre Cacique. Inaugurado em 21 de junho, o trecho de 1,6km foi fechado para a circulação das 25 linhas de ônibus em 11 de agosto. Nas estações, cartazes informam que os passageiros devem aguardar na via lateral.

Passageira diária da linha Restinga, a acompanhante de idosos Adriana Cavalheiro, 42 anos, reclama que o tempo de espera pelo ônibus aumentou em quase 30 minutos desde o fechamento do corredor exclusivo.

- Quando eu já começava a esquecer o transtorno, ele voltou. É um desrespeito com a população. E de onde sai o dinheiro para fazer estes remendos? - questionava Adriana na quinta-feira passada, enquanto observava os funcionários da empreiteira destruindo mais uma placa de concreto do corredor de ônibus.

Resposta que o coordenador técnico das obras de mobilidade urbana de Porto Alegre ressalta cada vez que é questionado sobre as adequações nas obras:

- Toda a inconsistência que a prefeitura aponta nestas obras fica com as construtoras responsáveis. A prefeitura não paga nada em relação a estes refazimentos.

Confira quais são elas:

Viaduto da Avenida Júlio de Castilhos (Complexo da Rodoviária)

Valor: R$ 20,43 milhões. Obra da prefeitura.
Inaugurado em 12 de junho deste ano. Faz parte do Complexo da Rodoviária. Entre 80 e 90 mil carros passam diariamente pelo viaduto, segundo estimativa da EPTC.

Situação atual: o viaduto segue em obras, que deverão durar até 30 dias. A canalização para drenagem - responsável por recolher a água da chuva que cai sobre a pista - está em fase de finalização. Para a realização do trabalho, uma das pistas será bloqueada diariamente das 9h às 16h até o final deste mês. Os trabalhos seguem também embaixo do viaduto: a pista da esquerda receberá mais uma faixa ao longo de 100m e a Rua da Conceição, no sentido Centro-bairro, será alargada em dois metros.

Justificativa do engenheiro Rogério Baú: a prioridade foi liberar com segurança o fluxo no viaduto devido ao trânsito no Centro da cidade. O restante será feito no decorrer dos meses. A outra parte do Complexo, a estação de transporte público, com passagens subterrâneas para pedestres, ainda será construída. O edital deve ser lançado em setembro. A conclusão da obra está prevista para o segundo semestre de 2015.

Viaduto Abdias Nascimento (Pinheiro Borda)

Valor: R$ 26,6 milhões. Obra da prefeitura.
Inaugurado de 7 de junho deste ano. Faz parte do complexo Beira-Rio.

Situação atual: passará por adequações a partir da primeira quinzena de setembro. As obras deverão durar 45 dias. Os guarda-rodas - muretas laterais - serão retirados e refeitos. Para isso, uma das pistas será bloqueada para o trânsito.

Justificativa do engenheiro Rogério Baú: a decisão de refazer as proteções laterais surgiu depois da avaliação final da obra. Foi constatado que elas estão desalinhadas. A estrutura do viaduto não oferece risco ao trânsito, mas apresentou erros de acabamento. A construtora se responsabilizou pelo serviço.

Corredor de ônibus da Padre Cacique

Valor: R$ 24 milhões. Obra da prefeitura.
Inaugurado em 21 de junho deste ano. Faz parte do complexo Beira-Rio. Em média, 70 mil pessoas passam por dia em 25 linhas de ônibus.

Situação atual: fechado para a circulação de veículos desde 11 de agosto. Apresentou rachaduras em 110m dos 1,6km de pista de concreto, em diferentes trechos. Os ônibus estão circulando pela via lateral. A previsão de conclusão é no final de outubro.

Justificativa do engenheiro Rogério Baú: as trincas foram causadas por retrações no concreto. Elas podem ocorrer quando o corte da placa não é feito no tempo adequado. Até o clima pode interferir no processo de maturação das placas de concreto, que pode durar mais de 30 dias.

Corredor da Avenida Protásio Alves

Valor: 16,6 milhões. Obra da prefeitura.

Liberado para o trânsito, mas ainda faltam 10% para a conclusão. Tem 6,8km de extensão.

Situação atual: faltam finalizações em diferentes cruzamentos, mas a prefeitura já constatou que há trincas no concreto da pista. A conclusão do inventário da obra deve ocorrer até o fim deste mês. Nos trechos que passarão por adequação, os ônibus deverão sair da faixa exclusiva e usar a avenida. O problema não deve afetar as estações.

Justificativa do engenheiro Rogério Baú: as trincas foram causadas por retrações no concreto. Elas podem ocorrer quando o corte da placa não é feito no tempo adequado. Até o clima pode interferir no processo de maturação das placas de concreto, que pode durar mais de 30 dias.

Corredor da Avenida Bento Gonçalves

Valor: R$ 10,9 milhões. Obra da prefeitura.

Liberado para o trânsito, mas ainda faltam 8% para a conclusão. Tem 5,9km de extensão.

Situação atual: a prefeitura constatou que há trincas no concreto da pista. A conclusão do inventário da obra deve ocorrer até o fim deste mês. Nos trechos que passarão por adequação, os ônibus sairão da faixa exclusiva e usarão a avenida. O problema não deve afetar as estações.

Justificativa do engenheiro Rogério Baú: as trincas foram causadas por retrações no concreto. Elas podem ocorrer quando o corte da placa não é feito no tempo adequado. Até o clima pode interferir no processo de maturação das placas de concreto, que pode durar mais de 30 dias.

Corredor da Avenida João Pessoa

Valor: R$ 5 milhões. Obra da prefeitura.

Liberado para o trânsito. Faltam cerca de 30% da obra. Tem 3,3km de extensão.

Situação atual: prefeitura constatou que há trincas no concreto da pista. A conclusão do inventário da obra deve ocorrer até o fim deste mês. O problema não deve afetar as estações.

Justificativa do engenheiro Rogério Baú: as trincas foram causadas por retrações no concreto. Elas podem ocorrer quando o corte da placa não é feito no tempo adequado. Até o clima pode interferir no processo de maturação das placas de concreto, que pode durar mais de 30 dias.

Duplicação da Rua Voluntários da Pátria

Valor: R$ 14,1 milhões (executados até agora). Obra da prefeitura.

Dividido em dois trechos: 1, da Rua da Conceição até a Rua Ramiro Barcelos, e 2, da Ramiro até a Avenida Sertório. No total, tem 3,5km.

Situação atual: foi liberado no período da Copa do Mundo, mas voltou a ser fechado no início deste mês para a continuidade da obra. A previsão de finalização do trecho 1 é no segundo semestre de 2015. Já o trecho 2 só deverá ser entregue no final de 2016.

Justificativa do engenheiro Rogério Baú: a obra foi paralisada e a via liberada às pressas para a Copa do Mundo para facilitar o acesso dos veículos do Comando de Policiamento da Capital, localizado na Voluntários da Pátria. Foi uma decisão em conjunto com o governo do Estado. Com o fim do evento, a obra voltou a funcionar. No trecho 1, ainda faltam desapropriações e demolições de prédios. No trecho 2, será necessário o recuo do jardim de um terreno.


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