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Mito ou verdade?

Frutas feias têm seu valor

Frutas e legumes com deformações e manchas podem ser tão saborosos e nutritivos quanto aqueles que parecem perfeitos. O DG foi a feira com uma nutricionista que comprova que as aparências enganam

19/09/2014 - 07h03min

Atualizada em: 19/09/2014 - 07h03min


Jeniffer Gularte
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Mateus Bruxel / Agencia RBS
As frutas podem não ser bonitas, mas não perdem o valor nutricional

Quem não torce o nariz para uma maçã com manchas, uma laranja com casca escura ou um tomate machucado? Com cara de fim de feira, frutas, legumes e verduras deformados ou com pequenas imperfeições são rejeitados pela maioria dos consumidores. O que poucos sabem, porém, é que eles podem ser tão saborosos quantos os outros e ainda representar economia para o seu bolso. Perante um feioso, sempre é possível pechinchar com o feirante ou lucrar com a xepa
Para tentar desmistificar estes alimentos, o Diário Gaúcho convidou a nutricionista do projeto Mesa Brasil do Sesc, Ana Flávia Malmann Hauschild, para ir até a Feira do Epatur, no Largo Zumbi dos Palmares, avaliar o valor nutricional dos produtos que acabam indo para o lixo por não agradar os olhos da clientela.
Comer alimentos "feios" está virando moda na Europa. Países como Portugal e França incentivam a população a consumir para evitar o desperdício. Na tentativa de vender estes alimentos, supermercados da França oferecem pelo menos 30% de desconto. Um das frases da campanha é "uma laranja horrível faz um suco maravilhoso."

Uma nova chance para eles

Cenoura: que tal dar uma nova chance para aquela cenoura que está praticamente partida por uma fissura?
Ana Flávia explica que pontos do miolo do alimento que estão em contato com o ar e partes com mofo, amassadas e úmidas podem ser retiradas com faca. Todo o resto do legume pode ser consumido normalmente.

Laranja do céu: vendedor de frutas cítricas, Geraldo Nied conta que as laranjas do céu com cascas escuras e irregulares desagradam o cliente, enquanto laranjas de umbigo que são lavadas e polidas com cera fazem bem mais sucesso. Ana Flavia experimentou a laranja do céu e aprovou o sabor.
- Ela não é aquela laranja linda e maravilhosa que se vê no supermercado, mas, quando a gente aperta, sente que é macia. Ela é rugosa porque não tem os agrotóxicos e isso interfere na aparência dos alimentos - avalia a nutricionista. 

Tomate: os mais maduros e danificados, que costumam custar menos, podem ser adquiridos para fazer molho. Neste caso, a nutricionista Ana Flávia recomenda que o produto seja consumido no mesmo dia para que não haja perdas.

Saborosos e rejeitados

Na banca do feirante Jorge Gomes, vários exemplos demonstram que quem vê cara não vê coração. Rejeitado pelos clientes, um melão de casca escura e manchas pretas está perfeito por dentro:
- É o melhor melão que o Brasil produz, vem do Rio Grande do Norte. É muito doce, mas as pessoas olham e acham que está machucado.
A pêra com casca ondulada também não vende. Por dentro, Ana Flávia garante que nada a difere das outras.
- O cliente come com os olhos, é a cultura da aparência. Nem baixando muito o preço eles não compram. Essa pêra nasceu no meio dos galhos e se desenvolveu conforme o espaço que encontrou, por isso tem essas envergaduras. O pé de fruta não é uma máquina que vai fazer tudo igual, terá umas de pior aparência - explica Jorge.

Clientela é desconfiada

A fruta pode ser naturalmente feia ou sofrer algum dano na hora da colheita, transporte e armazenamento, porém, na maioria das vezes o consumidor não perde em sabor e nutrientes.
- Só porque tem uma mancha não altera o valor nutricional. Em alguns casos, é bom consumi-la no mesmo dia da compra para não estragar - ensina a nutricionista Ana Flávia.
Esse discurso, porém, não convence os consumidores. Para a funcionária federal aposentada Elsi Caselli, 60 anos, na hora de escolher o alimento, é a aparência o critério mais importante.
- Se tem uma (defeituosa) em um pacote, não me importo, mas se estou escolhendo e tem um formato diferente, não compro.
O eletrônico Celso Scalco Engrazia, 61 anos, garante que não é tão desconfiado. Se o preço é bom, ele acredita que vale a pena analisar melhor a fruta que "não é perfeita".
- Quero saber se é boa e se é doce, peço para provar antes de comprar. Se ela é vistosa, não é por um detalhe que deixarei de comprar.

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