Marido que faz o papel de dono de casa e cuida do filho enquanto a esposa trabalha. Esta é a rotina do microempresário Marcelo Maciel Padilha, 40 anos, do Bairro São Geraldo. Casado há dez anos com a fisioterapeuta Virgínia dos Santos Kauer, 37, é ele quem prepara o almoço e a janta, arruma as camas, varre a casa e lava a louça, entre outras tarefas domésticas diárias, além de levar e buscar o filho, Felipe, oito anos, na escola.

 - Ele gerencia toda a nossa vida, cuida de tudo para nós e agrega muito para a nossa relação - orgulha-se a esposa.

Natural de Santo Ângelo e adepto do tradicionalismo, Marcelo dribla o conservadorismo.
- Esse tipo de estrutura familiar ainda é tabu no nosso Estado, porque ainda temos a visão de que o homem provém, e a mulher cuida da casa. Mas isso não se adapta mais à realidade - argumenta ele, que vive essa rotina há oito anos:
- Como eu divido meu tempo cuidando da casa pela manhã e, à tarde, vou trabalhar, não sofro preconceito. Mesmo assim, muita gente acha estranho.
Virgínia não esconde que adora que essa estrutura familiar.
- Eu trabalho 12 horas por dia, saio muito cedo e, quando chego em casa, está tudo organizado. Sei que o nosso filho foi cuidado. Me sinto muito segura, e é ótimo ter uma comidinha pronta, até porque eu não gosto de cozinhar - admite ela.
 
Apostaram todas as fichas

Leia outras notícias do Diário Gaúcho

Uma rotina planejada e bem organizada que considera a agenda da família para que todos estejam sempre com os horários em sintonia. Marcelo era representante comercial da área da saúde e perdeu a representação. Na época, Virgínia estava grávida e trabalhava na clínica da qual hoje são sócios.
- Mas havia poucos clientes, e a gente estava muito mal de dinheiro. Aí, surgiu a oportunidade de comprar essa empresa, e apostamos todas as fichas que a gente tinha e as que não tinha (eles fizeram empréstimo). Resolvemos que eu cuidaria da casa e do Felipe até a idade escolar _ recorda ele.
Assim, não gastaram com creche. Durante quatro anos, ele administrou de casa mesmo o negócio, para conciliar com as atividades domésticas e cuidar do filho.
-  Me sinto muito segura com esse suporte, e conseguimos nos adaptar bem, porque meus horários às vezes mudam quando um cliente desiste da consulta - explica a fisioterapeuta.
- Acho que tudo isso só dá certo porque diálogo é uma coisa que falta na nossa relação! - comemora o maridão, feliz.
 

Relação saudável

Para a psicóloga e terapeuta de família Solange Farias de Freitas Pedroso, essa adaptação que considera todos os membros da família é muito construtiva.
- Além de haver diálogo entre o casal, eles incluem o filho e conseguem dar conta dos compromissos com equilíbrio e uma sintonia que fortalece o vínculo.
Aliás, essa pode ser a solução para os casais encararem a correria da vida moderna de uma de forma mais leve.
Confira mais orientações da especialista:

Inverter papéis ou dividir tarefas podem deixar a rotina mais leve, sem que ninguém fique sobrecarregado.

Tanto as atividades domésticas quanto outros compromissos, como pagar contas e consertos da casa, podem ser atribuições também dos filhos, quando já têm idade para assumir responsabilidades.

A distribuição de responsabilidades deve ser de comum acordo e, de preferência, adaptada aos gostos e às habilidades de cada um. Por exemplo: se o marido  gosta de cozinhar, ele cuida dessa parte, e, se a mulher tem mais jeito para as questões financeiras, pode encarregar-se do orçamento. Já o filho pode ter o compromisso de pagar as contas e ir ao supermercado.

Mantenha uma agenda comum ou um mural que deixe todos sintonizados por telefone ou via internet.