Economia
Carne é a nova vilã da inflação
Cortes bovinos registram um aumento acumulado no ano de 12,37%. Consumidores já perceberam a mudança e buscam alternativas.
Maior vilã no cálculo da inflação no Brasil no mês de setembro, a carne bovina está pesando no orçamento dos gaúchos, consumidores contumazes do produto. A alta de preços foi de 3,17%, com peso significativo no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que ficou em 0,57% no mês. No acumulado do ano, os cortes bovinos já subiram 12,37%. Neste mês, a carne, mais uma vez, aparece como a malvada, puxando para cima o chamado IPCA-15, uma prévia da inflação de outubro, que acelerou para 0,48% - em setembro, o índice era de 0,39% .
O aumento é percebido por consumidores e comerciantes. Nos açougues do Mercado Público da Capital, é estimada uma queda de 20% nas vendas. Para quem consome, a diferença é notada no bolso:
- Antes, eu gastava R$ 120 por mês comprando carne. Agora, gasto R$ 190 e levo bem menos - avalia a funcionária pública Kátia Lima, 38 anos.
Agulha é opção econômica
Mesmo com o preço nas alturas, há quem não abra mão dos cortes bovinos, principalmente nos finais de semana.
- Está subindo de um modo geral, mas não dá para abrir mão do churrasquinho de domingo - argumenta a autônoma Herondina Guimarães Rodrigues, 61 anos.
Já o aposentado Donaldo Morelli, 76 anos, buscou uma alternativa mais barata:
- Eu gosto muito de comprar uma ripa para assar, mas estou gostando bastante da agulha, que é uma carne de segunda e mais baratinha.
Foco no frango e no peixe
O presidente do Movimento das Donas de Casa e Consumidores do Rio Grande do Sul, Cláudio Pires Ferreira revela que a entidade percebeu um aumento entre 13% e 15% no preço da carne, como um todo, e uma redução nas vendas, entre 18% e 20%.
- Infelizmente, essa é uma variação de preços que não depende só de quem vende. Há uma série de fatores que fogem da alçada de produtores e comerciantes - analisa.
Cláudio sugere aos consumidores que busquem alternativas, como as carnes de frango ou de peixe.
- Outra possibilidade é ficar de olho nas promoções. Muitos supermercados tem o chamado "dia do açougue", quando vendem a carne por preços mais em conta.
As causas do aumento
- O mercado russo suspendeu neste ano as compras dos Estados Unidos e da União Europeia e aumentou os negócios com o Brasil: de janeiro a setembro, as vendas externas de carne bovina cresceram 6,3% no país, na comparação com o mesmo período de 2013.
- Com demanda mundial crescente, o mercado do Brasil acaba tendo que arcar com preços maiores. No acumulado de janeiro a outubro, a cotação do boi gordo aumentou 13%, conforme dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP).
- A seca que atingiu algumas regiões produtoras, como o Centro-Oeste, também teria contribuído para o aumento nos preços.
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