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EDUCAÇÃO

Criançada em clima de eleições

Depois de aprender na teoria, alunos da Escola Estadual de Educação Básica Almirante Bacelar vivenciaram na prática o clima das eleições.

09/10/2014 - 07h08min

Atualizada em: 09/10/2014 - 07h08min


Jeniffer Gularte
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Fernando Gomes / Agencia RBS

Lutar pela classe estudantil e por espelhos no banheiro feminino são as principais promessas de campanha da candidata a prefeita do Partido da Luta Estudantil (PLE), Hellem Cristina Rodrigues, dez anos, aluna do quinto ano da Escola Estadual de Educação Básica Almirante Bacelar, no Bairro Passo Dornelles, Zona Norte da Capital. No santinho roxo - a sua cor favorita -, há uma foto dela que transmite credibilidade e o número do voto - 23, dia em que faz aniversário. Parece brincadeira, mas a lição é séria.
Em um projeto inovador, os alunos provam que a eleição não interessa apenas a quem está apto a votar. Depois de aprender a teoria sobre a escolha dos nossos representantes, os estudantes fizeram uma eleição na prática. Com criação de partidos, candidatos, propaganda eleitoral, debate, título de eleitor e mesários, a escola pretende aproximar a consciência cidadã e democrática da sala de aula, mostrando direitos e deveres de candidatos e eleitores. Depois de dez dias de campanha na escola, a votação ocorreu ontem, nos dois turnos de aula.
 
Horário político é tema de casa

As turmas das séries iniciais - primeiro ao quinto ano - escolheram prefeitos e vereadores. No ensino fundamental - do sexto ao oitavo ano -, foram eleitos governador, deputado estadual e federal. Por último, o ensino médio elegeu presidente e senador.
Candidata a vice-prefeita, Thaynara da Silva Oliveira, dez anos, explica que os concorrentes passearam pela escola para identificar o que precisa melhorar e o que ainda falta. A cobertura da quadra e a reforma dos banheiros foram algumas das propostas.
- Como tema de casa, olhamos o horário político na tevê para nos inspirarmos e também distribuímos santinhos. Agora, já não acho tão chato.
- As propostas e as propagandas, tudo partiu da iniciativa deles - explica o professor das séries iniciais Robson Costa.
Nas paredes da escola, cartazes e folders espalham o clima da eleição.


Sigilo no momento do voto

A votação ocorreu com a supervisão dos professores, para garantir a organização e o sigilo do voto. Aos mesários, os eleitores apresentavam o título e o documento de identidade - como manda a lei eleitoral. Toda a movimentação deixou Isadora Moreira Oliveira, sete anos, do primeiro ano, empolgada:
- Nunca tinha participado de uma eleição. Vou escolher aquele que fará mais coisas.
Na cabine, recebiam a cédula de votação e a depositavam na urna. Após votar, Kassiane Machado, oito anos, aluna do segundo ano, conta como escolheu seu candidato:
- Foi o que disse que faria mais coisas para a escola e o que falou melhor - confessa.
Aluna do quinto ano, Djulia Peres, 11 anos, concluiu que a eleição é um momento importante para o país.
- Achei interessante porque os candidatos podem fazer mudanças para nos ajudar.
Vencedor da turma 301 - algumas turmas tiveram os eleitos divulgados -, Higor da Rosa Vieira, oito anos, foi eleito prefeito com 12 votos e agora será líder da turma:
- Prometi quadra fechada, mais brinquedos e pátio calçado, para não alagar quando chove.

Hora de pensar propostas


Candidato a presidente, Matheus Suttoff, 17 anos, aluno do terceiro ano do Ensino Médio, confessa que nunca se imaginou envolvido com a política, mas soube expor suas ideias e aposta que foi bem votado. Para apresentar sua candidatura, criou o Partido Revolucionário Estudantil (PRE).
- Passamos nas salas de aula conversando com os estudantes, trocando ideias. Tentamos fazer uma campanha sem agressividade. Pedimos para os alunos trazerem propostas de casa, falarem com os pais. Como sou bem conhecido, falo com bastante gente, acho que fui bem na votação - avalia Matheus.
Para tentar vencer a disputa de governador, Leonardo Polla, 15 anos, do oitavo ano, criou o Partido do Progresso Estadual (PPE) com o slogan Rumo ao Progresso. Seu grupo foi às ruas verificar com a comunidade suas principais demandas.
- As pessoas reivindicam um posto de saúde 24 horas, mais segurança, mais ônibus. Com isso, entendemos melhor o que cada candidato faz.
As saídas de campo foram gravadas em vídeos pelo celular e exibidas nas propagandas eleitorais. O debate também foi gravado e exibido antes da votação.
- Trabalhamos tudo, desde a história das eleições, e eles foram se motivando - explica a supervisora Luciane Leão.
O projeto começou a ser elaborado em maio, com o objetivo inicial de envolver apenas o ensino médio, como uma ação desenvolvida em função do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio. Porém, com o começo da campanha eleitoral, todas as turmas participaram.
- Muitos não tinham noção do que era um título eleitoral - diz a coordenadora da supervisão, Heloísa Bueno Varnier.
Os vencedores irão tomar posse assim que todos os votos forem contabilizados. Como prêmio, os candidatos participantes dos ensinos fundamental e médio irão conhecer a Assembleia Legislativa.


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