Um grupo de passageiras da linha Padre Reus não é apenas usuário do transporte coletivo urbano da Capital. Bem humoradas e cheias de assunto, fazem do percurso diário de ônibus para o trabalho um momento de descontração. O entrosamento é tanto que ontem fizeram a revelação do amigo secreto a bordo do ônibus. Contagiados pelo clima de fim de ano, a turma confraternizou em nome de uma convivência que torna a rotina mais leve.

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Foram oito participantes sem deixar de fora, claro, o motorista, Alexandre Gonçalves, 39 anos, e o cobrador, Eduardo de Oliveira, 38 anos. Há pelo menos dois anos, o grupo faz junto o trajeto entre o Bairro Cavalhada e o Centro.
São vinte minutos em que a conversa rola solta entre as passageiras que só se encontram na parada e no ônibus, embora sejam vizinhas. Elas inclusive fazem questão de ir sempre no mesmo horário para não perderem a companhia da turma nem o ônibus em que Alexandre e Eduardo trabalham.

Na parada, começa a farra

A farra já começa na parada de ônibus, na Rua Coronel Massot, próximo a garagem da Trevo. O ônibus sai às 6h55min do terminal mas muitas delas chegam bem antes apenas para bater papo. É o caso da supervisora Lurde Borba Langner, 55 anos, que foi a primeira a chegar, às 6h30. Para quem começa o dia de cara amarrada dentro do ônibus, elas dão o exemplo.
- Hoje em dias as pessoas nem se olham, nem se cumprimentam. Nós, não, falamos sobre nossos problemas, trocamos dicas e damos muita risada, aqui se fala de tudo. Acho o máximo. A gente nem terminou o assunto e já chegamos no destino - garante a técnica de radiologia, Katia Ortiz, 62 anos, que mesmo de férias acordou cedo para participar da brincadeira.

"Criamos um vínculo"

Ontem, a animação foi ainda maior. Todas estavam com os presentes em mãos e curiosas com o que receberiam do amigo oculto. A comerciária Maria Zélia Grings, 55 anos, trouxe até uma torta de mousse de limão para celebrar o momento. Faceira, recusou a carona de um vizinho que passou de carro em frente a parada enquanto o grupo aguardava o ônibus.
- Aqui quando uma não vem a gente já sente falta - confessa Katia.
- A gente convive o ano inteiro com as mesmas pessoas, o motorista e o cobrador são sempre os mesmos, criamos vínculos com eles - justifica a agente de atendimento, Dora Rodrigues, 52 anos.

E o bolo foi ao chão...

A revelação do amigo secreto não durou mais que cinco minutos. Alexandre estacionou o ônibus próximo a parada antes do horário de saída da linha e a troca de presentes começou sem firulas.
- Vamos rápido que eu preciso sair - avisou ele, o primeiro a revelar o amigo oculto. Depois do ritual, o ônibus arrancou e os passageiros começaram a embarcar. Faceiro, conta que nunca tinha participado da brincadeira dentro do ônibus.
- Essa é a primeira viagem do dia e é sempre os mesmo passageiros, o ano todo. E elas estão sempre assim, juntas e brincando - diz ele, que ganhou um creme para as mãos.

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O trajeto começou pontualmente às 6h55 quando o bolo foi dividido entre os amigos.
- É uma parceria que temos, elas são muito divertidas - comenta o cobrador Eduardo.
Em uma curva feita pelo ônibus, porém, a delícia preparada por dona Maria Zélia que estava sobre um dos bancos foi ao chão. Pelo menos metade do bolo virou uma meleca sem o que o motorista conseguisse comer seu pedaço.

QUEM PARTICIPOU
A supervisora Lurdes Langner, 55 anos, agente de atendimento, Dora Rodrigues, 52 anos, cuidadora Cleci Machado, 67 anos, técnica de radiologia, Katia Ortiz, 62 anos, comerciária  Maria Zélia Grings, 55 anos, recepcionista Maribel Campos, 52 anos, motorista, Alexandre Gonçalves, 39 anos, e o cobrador, Eduardo de Oliveira, 38 anos.