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Verão

Saiba como Porto Alegre, Viamão e Gravataí se preparam para enfrentar a seca nas torneiras

Com medo da falta d'água, muita gente comprou caixas para estocar água neste verão

16/12/2014 - 07h02min

Atualizada em: 16/12/2014 - 07h02min


Jeniffer Gularte
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Tadeu Vilani / Agencia RBS
Adelaide Oliveira Antunes tenta driblar a falta d'água no Morro Santana

Problema típico do verão, a falta de água já começou a assombrar moradores da Capital e Região Metropolitana antes mesmo do início da estação. O Diário Gaúcho retornou aos pontos que mais sofreram com o problema na última temporada.
No Bairro Morro Santana, em Porto Alegre, 18 mil pessoas, penaram no último verão. Com medo de mais um verão à seca, muitos moradores já se previnem comprando caixas d'água. Na Região Metropolitana, os Bairros Morada do Vale I, II e III, onde vivem 60 mil, foram os campeões de reclamação entre janeiro e fevereiro.
Agora, a Corsan garante que investimentos na ordem de R$ 20 milhões aumentaram em 80% a capacidade de tratamento e distribuição de água. Os moradores, porém, já reclamam de torneiras secas há semanas. No Bairro Florescente, com 5 mil habitantes, em Viamão, o mesmo dilema: a água falta à tarde e volta apenas na madrugada.

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Caixa d'água: nunca é demais

Uma rotina adaptada ao período em que as torneiras secam. É assim que a doméstica aposentada Adelaide Oliveira Antunes, 71 anos, tenta driblar os transtornos da falta de água no Bairro Morro Santana, em Porto Alegre. Pela manhã, limpa a casa, lava roupas e reserva água para consumo e as refeições. A partir da tarde, água só nas bombonas. Se a situação piora, recorre a vizinha que tem uma caixa d'água maior que a sua.
- Já tive que pedir água para tomar banho. É horrível, falta água todos os dias. Termina pelas 17h e só volta no outro dia.
Com vários verões problemáticos na memória, este decidiu comprar mais uma caixa d'água. Nos fundos de casa, tem uma de 100 litros e outra de 310 está esperando para ser instalada. Se mesmo assim faltar água, recorrerá a caixa da vizinha, que é ainda maior.

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Na torneira, só o ronco

Durante o ano, o agricultor aposentado Dario Pires da Silveira, 62 anos, não toma água da torneira devido a coloração duvidosa do líquido. A partir de agora, no entanto, há dias que nem a água esbranquiçada chega até sua casa, no Bairro Florescente, em Viamão. Prevenido, guarda baldes com água e os galões água mineral de 5 litros. A reserva serve para consumo, banho e lavar a louça.
O verão sequer começou no calendário e a vizinhança já está sendo castigada. Seu Dário conta que desde que o calorão começou, as torneiras já secaram ao menos seis vezes.
- Verão passado foi péssimo, tu abre a torneira e só ouço o ronco. Não adianta ligar para a Corsan, o negócio é deixar o balde cheio de água. Não sei qual a dificuldade, mas para a água chegar aqui é um problema.


Até máquina de lavar vira reservatório

Depois de anos sofrendo com falta d'água, a cuidadora aposentada Norma Palavecino, 52 anos, passou a adotar estratégias próprias para sofrer menos quando as torneiras secam. A máquina de lavar estragou? Vira tonel de água. Com uma mangueira, ela transfere água do tanque para a máquina estragada e usa para a louça e o banheiro quando falta. Tanta prevenção não é a toa: no verão passado os problemas de abastecimento nos Bairros Morada do Vale I, II e III eram quase diários. Muitos moradores ficavam dias com as torneiras roncando.
- É um absurdo o modo como falta água, no verão é todos os dias e agora já começou a faltar também. Hoje foi um milagre não ter faltado. Mesmo assim, pago todo mês R$ 80 de conta.
Além de pagar caro, dona Norma reclama da qualidade da água.
- Não dá para beber, é uma água preta, escura.

 

Investimentos não garantem verão sem problemas

GRAVATAÍ
O diretor de Operações da Corsan, Antônio Carlos Martins, reconhece que os Bairros Morada do Vale, em Gravataí, e Florescente, em Viamão, foram os mais problemáticos no último verão. Para este ano, porém, ele está mais otimista.
Segundo ele, a companhia investiu R$ 20 milhões em um sistema integrado entre Gravataí e Cachoeirinha, com a implantação de nove adutoras (tubulação de grande porte) e substituição de 20km de rede de água.
- Hoje Gravataí tem 80% a mais de capacidade de captação e distribuição. Por questão de planejamento, não vai ter falta de água a não ser por situações emergenciais ou causas externas.
A falta de energia elétrica por mais de cinco horas, por exemplo, pode ocasionar problemas no abastecimento de água.  40% da água que chega a Gravataí é bombeada em Canoas _ o que é o caso dos Bairros da Morada do Vale -, com isso, se faltar luz em Canoas, vários bairros de Gravataí podem ser afetados.

VIAMÃO
Em Viamão a Corsan informa que está sendo construído um reservatório de cinco mil metros cúbicos que deve ficar pronto até fevereiro. No ano passado, a falta de energia foi o maior causador de falta de água do sistema que é interligado com Alvorada. Outro reservatório de 500 metros cúbicos está sendo construído em Tarumã, este deve ficar pronto no primeiro semestre do ano que vem. Resta aos moradores torcer para o abastecimento de energia elétrica não falhar.

PORTO ALEGRE
O Dmae implantou mais uma bomba na Estação de Bombeamento de Água Tratada Ouro Preto, para aumentar a disponibilidade de água no reservatório Costa e Silva, que abastece a região do Morro Santana, Bernardino Silveira Amorim, Rubem Berta e Manoel Elias, e também reduzir o tempo de retomada do desabastecimento no caso de qualquer parada operacional. Mais uma bomba está sendo instalada na Estação Manoel Elias I, para aumentar a capacidade no Sub-sistema Manoel Elias, que abastece a região do Morro Santana. A obra deve ser concluída em janeiro.

 


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