Chamada das Ruas
Hospital de Clínicas de Porto Alegre: a saída é rezar
A saída é rezar
Entra ano, sai ano, e nada de alívio para a emergência do Hospital de Clínicas. O setor está mais uma vez superlotado, com restrição no recebimento de pacientes. No momento, funciona com o triplo da capacidade. Macas, cadeiras de rodas e cadeiras comuns, que deveriam ser usadas ocasionalmente, viraram equipamento de rotina para acomodar doentes. Os recursos humanos e materiais também estão sendo usados a pleno para atender a demanda. O problema só não é maior devido ao empenho de médicos e funcionários, que não poupam esforços para atender o máximo possível de pessoas, mesmo esgotados pelo excesso de trabalho. Com a situação no limite aceitável, a direção do hospital pede que a população busque a instituição somente nos casos realmente graves. Os novos pacientes passam por triagem, mas nem todos são atendidos. A prioridade é garantida às pessoas com risco de vida. Longe de ser exceção, o quadro se repete em outros pontos do Brasil, onde sobram pacientes e faltam vagas nas emergências do Sistema Único de Saúde. É uma condição desumana que, pelos movimentos dos governos, não deve ter solução a curto prazo. Ao contrário, com os cofres públicos raspados e os governantes preocupados em cortar gastos para fechar as contas, já será lucro se as coisas não piorarem nos próximos meses. A saída é rezar para não ficar doente.
Abandono dos trens
Um dos maiores erros de planejamento cometidos pelo Brasil em todos os tempos foi
o abandono dos trens como alternativa de transporte. Sem essa opção, ficamos dependentes das estradas, que hoje estão entupidas de veículos e viraram cenário de acidentes que ceifam centenas de vidas todos os meses. Por miopia ou corrupção, deixamos de lado um sistema que permanece atual e importante mundo afora, tanto para conduzir cargas como no transporte de passageiros.