Opinião
Antônio Carlos Macedo: Para conter falta d´água, governo cobra atitudes, mas não dá o exemplo
Cadê o exemplo?
Para evitar apagões, as autoridades pedem que a população economize energia, especialmente nos horários de pico de consumo. O apelo faz sentido. A escassez de água que atinge a Região Sudeste não compromete apenas o fornecimento de água a milhões de pessoas. Afeta também a geração de energia, ao paralisar as hidrelétricas responsáveis por boa parte da produção.
Nesse contexto, evitar o desperdício deve ser uma preocupação de todos. De uma simples lâmpada ao aparelho de ar-condicionado, tudo o que puder ser desligado ajudará o país a enfrentar a crise energética. O problema é que o governo cobra atitudes do cidadão sem se preocupar em dar o exemplo. No último domingo, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, pediu que as empresas tomem providências para reduzir o consumo. Entre as medidas sugeridas, citou o uso de geradores por hotéis e centros comerciais para dar suporte ao setor elétrico. A providência faz parte do programa de eficiência energética que o Planalto deve detalhar dentro de dois a três meses.
Luzes ornamentais
Até agora, porém, nenhuma iniciativa foi tomada em relação ao setor público. Não houve sequer uma recomendação para que as luzes ornamentais dos prédios e monumentos federais permaneçam apagadas e que apenas as luminárias fundamentais à segurança do patrimônio e dos servidores sejam acesas à noite. Também não consta que o governo tenha orientado ministérios, estatais e repartições em geral a adotar programas para o uso racional de energia nas centenas de sedes espalhadas pelo Brasil. No contexto geral, pode ser até que essa economia não faça tanta diferença. Mas, sem dúvida alguma, funcionaria como símbolo do momento crítico que enfrentamos. Afinal, quem dá o exemplo tem sempre mais autoridade moral para pedir que os outros se esforcem também.