Dona Inês Antunes Morais, 70 anos, foi ao culto religioso e, na hora de voltar para casa, se perdeu em Porto Alegre. Com problemas de memória, só sabia dizer que morava no morro Santa Tereza. Teve a sorte de ser encontrada por uma guarnição da Brigada Militar cujos integrantes, penalizados com a situação da idosa, assumiram a responsabilidade de encaminhá-la ao serviço social da prefeitura. Estava começando um périplo de mais de seis horas, que atravessou a madrugada de ontem.
Nesse período, os PMs buscaram ajuda na Fasc, no telefone 156 da prefeitura, na delegacia do idoso, no plantão judiciário e nos albergues municipais. Tudo em vão. Sem alternativas, mas com a certeza de que não poderiam abandonar a vovó à própria sorte, levaram Dona Inês para a recepção do 1º Batalhão de Polícia Militar (BPM), na avenida Praia de Belas. Só depois das sete horas, após o assunto ganhar repercussão pela Rádio Gaúcha, a prefeitura entrou em campo e levou a idosa para um abrigo municipal na Rua Comendador Azevedo, bairro Floresta. De onde, por sinal, acabou indo embora antes da chegada de algum familiar ou amigo.

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Exemplo de cidadania

A dificuldade relatada pelos brigadianos escancara a fragilidade do sistema de acolhimento social noturno de Porto Alegre. Uma metrópole com mais de 1,6 milhão de habitantes não pode ficar uma noite inteira sem um ponto de referência para socorro a casos dissociados da área policial. Parece óbvio que a cidade necessita de um plantão social noturno, capaz de dar suporte a situações como a relatada. Uma espécie de pronto socorro social que funcione sem parar a noite inteira.
O lado positivo no episódio foi a atuação da Brigada Militar, que demonstrou mais uma vez a sua importância como "pau pra toda obra" a serviço da comunidade. Parabéns ao sargento Cláudio Righetto e seus companheiros de patrulhamento do 1ºBPM por este belo e elogiável exemplo de cidadania.

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