Minha admiração pela Brigada Militar não é novidade. Várias vezes usei este espaço para ressaltar os serviços prestados pela instituição à comunidade gaúcha. Trabalho que, sem dúvidas, seria ainda mais eficiente se a corporação não vivesse às voltas com uma histórica falta de efetivo. Volta e meia, no entanto, sou obrigado a discordar de comportamentos isolados de seus integrantes por entender que não estão de acordo com a essência da instituição. É o caso da festa feita pelo 25º Batalhão de Polícia Militar (BPM), em São Leopoldo, para recepcionar os quatro brigadianos presos por suspeita de envolvimento na morte do torcedor do Novo Hamburgo Maicon Doglas de Lima, de 16 anos. A celebração, com direito a bolo e refrigerantes, foi descabida. Só faria sentido se os policiais retornassem absolvidos, livres de qualquer suspeita. Não é o caso.

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Corregedor reprova

Os PMs apenas foram soltos porque terminou o prazo da prisão temporária e o juiz José Antônio Prates Piccoli, o mesmo que havia determinado as detenções, entendeu que não havia motivos para decretar preventiva. As acusações feitas pelo Ministério Público persistem. Elas envolvem a morte de um garoto de 16 anos, que levou dois tiros nas costas durante uma confusão envolvendo torcedores. A decisão do juiz não abrandou nenhuma das imputações. A única diferença é que os acusados vão responder por elas em liberdade. Mesmo assim, fora do serviço de rua, restritos a trabalhos administrativos internos, conforme determinação do mesmo magistrado. Nessas condições, a recepção festiva que tiveram foi uma desfeita à família do jovem morto e à sociedade em geral. Se fosse uma manifestação fechada e espontânea, vá lá. Afinal, todos são colegas e estão no mesmo barco. Mas providenciar bolo, refrigerante, saudação oficial e o uso do perfil do 25º BPM no Facebook para divulgar a celebração foi uma demasia. Exagero admitido até pelo corregedor-geral da Brigada Militar, tenente-coronel Jefferson Jacques, que classificou a confraternização como equivocada.

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