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Antônio Carlos Macedo: o país queria a resposta de Dilma aos protestos, não dos ministros

Colunista do Diário Gaúcho critica a decisão da presidente Dilma de mandar os ministros Miguel Rossetto e José Eduardo Cardozo responderem aos protestos em seu lugar

16/03/2015 - 21h40min

Atualizada em: 16/03/2015 - 21h40min


José Cruz / Agência Brasil
Depois dos protestos, os ministros da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, e da Justiça, José Eduardo Cardozo, fizeram pronunciamento

Quando o músico de uma banda não aparece para tocar e manda outro como substituto, o restante do grupo diz que o ausente mandou o Lima no seu lugar. Esse jargão do mundo da música, lembrado por meu amigo João Antônio Santos Araújo, se aplica à reação da presidente Dilma diante dos protestos do último domingo. Quando todo mundo esperava uma fala da presidente, ela mandou o Lima em seu lugar. Um, não. Dois: os ministros Miguel Rossetto, secretário-geral da Presidência, e José Eduardo Cardozo. Que são homens honrados e de valor, mas não passam de porta-vozes. Não era eles que o Brasil esperava ouvir depois de uma das maiores mobilizações da sociedade brasileira em todos os tempos. O país queria Dilma. Ela é que deveria ter dado o ar da graça para estender a mão aos brasileiros. Não só por ser a principal mandatária do país, mas também e principalmente por ser ela um dos alvos das queixas.

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Propostas requentadas

A presidente não precisava prometer nada. Bastava reconhecer a relevância da manifestação e demonstrar sincera disposição em ouvir e dialogar. Se ficou com medo de um panelaço, perdeu aí a chance de virar o jogo: Dilma terminaria o domingo como vítima do radicalismo se fosse hostilizada ao oferecer diálogo. Mas Dilma preferiu o isolamento. No seu lugar, via ministros, serviu um prato de propostas requentadas sobre combate à corrupção e financiamento privado de campanhas que não entusiasmam ninguém. Nem os próprios governistas. Se o silêncio for estratégico, para ganhar tempo e avançar em iniciativas capazes de levar à conciliação, vá lá. Mas a impressão é outra. Pega de surpresa pela voz das ruas e obrigada a corrigir a rota, a presidente passa a sensação de que não sabe qual o novo caminho a seguir.

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