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Por que as cartas demoram a chegar?

Com base em reclamações que recebeu de leitores por WhatsApp, o Diário Gaúcho descobriu que o problema - que não é novo - tem se agravado nos últimos meses

22/04/2015 - 07h03min

Atualizada em: 22/04/2015 - 07h03min


Jeniffer Gularte
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Ronaldo Bernardi / Agencia RBS
Seu Nilton não recebe cartas mesmo morando a 3km de uma agência dos correios

Desde que se mudou com o marido e os dois filhos para Gravataí, a gerente de Recursos Humanos, Paula Turella, 30 anos nunca recebeu correspondências na casa nova. A família deixou a Zona Norte de Porto Alegre em busca de mais tranquilidade no município da Região Metropolitana. Encontrou. Mas jamais desconfiou que ficaria privada receber as próprias correspondências.  

- Nos mudamos em dezembro do ano passado, transferi os endereços das correspondências, passou 30 dias e nunca recebemos nada - relata o marido, o empresário Alexander Silva, 40 anos.

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O transtorno enfrentado por Paula e Alexander é, segundo a empresa admite, por meio de sua assessoria de imprensa, "uma situação generalizada de problemas de entrega" causada principalmente pela falta de pessoal. Além da limitação de carteiros, a não identificação das residências, cães soltos ou mesmo áreas expansão dificultam a entrega de cartas em vários pontos da Capital e da Região Metropolitana. 

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Mais tarde, o casal descobriu que no condomínio onde mora, no Bairro Parque da Matriz 3, os vizinhos desacreditados já tinham costume de encaminhar suas cartas para endereços de familiares em Porto Alegre.

Ao buscar explicações na agência dos Correios de Gravataí, Alexander recebeu a justificativa de que enquanto não houver concurso público não irá receber cartas. Outro motivo apontado foi que o carteiro precisa passar pela Avenida Monteiro Lobato, já em Cachoeirinha, para ingressar no condomínio de Gravataí, o que inviabilizaria a entrega.

Compras pela internet chegam

Para não ficar sem receber, o casal tem encaminhado as entregas para a casa da mãe de Alexander, em Ipanema, na Zona Sul de Porto Alegre, a 40km da casa deles em Gravataí. A distância é tanta que há casos em que Alexander avalia que vale mais a pena deixar atrasar o pagamento de um ou outro item e pagar a multa do que ir à Ipanema a cada vez que chega nova correspondência. O que mais intriga o casal é que as compras feitas pela internet como tênis, celular e ar-condicionado e entregues pelo Sedex chegam até antes do prazo.

Nem morar perto da agência resolve

Já o vendedor Nilton de Souza, 53 anos, e a cabelereira, Arlete Borges de Souza, 42 anos, moram a 3km da agência dos Correios de Alvorada, localizada na Rua Roberto de Souza Feijó, 47, mas estão sempre com a caixa de correspondências vazia. Ou não chegam - como é o caso da fatura de cartão de crédito e contas de telefone - ou são entregues bem depois do vencimento.  

- Desde o ano passado, nada chega em dia. Já reclamei tantas vezes e não sei mais o que fazer.
  
Sem as contas na mão, Nilton corre atrás dos boletos: enfrenta fila em bancos, vai até às lojas em busca da fatura ou imprime boletos pela internet. 

- Imagina sua conta vencer dia cinco e só receber dia 12, fora as cartas que nunca recebi e que não se sabem onde foram parar.

Sem concurso previsto, Correios deve chamar temporários

Os Correios informaram que recorrem à realização de horas extras, trabalho aos finais de semana e deslocamento de empregados de outras unidades para auxiliar nas atividades. Por enquanto, não há data prevista para realização de novo concurso. O último foi realizado foi em 2011.

Segundo a empresa, há uma falta de efetivo em virtude de diversos tipos de afastamentos (licenças saúde, férias, cedência para sindicato). Os Correios tem previsão de fazer contratação temporária para suprir a necessidade de empregados. A Regional está aguardando o aporte financeiro necessário para realizar a contratação temporária.

Outros problemas

- Cães: no Estado, segundo os Correios, um carteiro é atacado a cada três dias, provocando o afastamento do trabalhador por pelo menos cinco dias. Cachorros soltos prejudicam o trabalho dos carteiros, principalmente, em áreas como a Rua Lubianca, em Alvorada, os Bairros Canudos e São José, em Novo Hamburgo, o Bairro Fortuna, em Sapucaia do Sul e as Ruas Santo Onofre, Antonio Prado, Florescente, Santo Augusto e Aracaju, em Viamão.

- Falta de sinalização visível: ausência de numeração, placas de sinalização nas ruas e até mesmo a inexistência de caixas receptoras para que os carteiros possam depositar os objetos - é o caso do Bairro Sete, em Sapucaia do Sul.

- Falta de segurança: como prevê a legislação, áreas que ofereçam risco à segurança do profissional dos Correios também estão sujeitas a dificuldades com os serviços postais. Um exemplo dessa situação é o Bairro Santa Clara, em Alvorada, onde houve assalto a uma viatura dos Correios e a entrega de encomendas foi temporariamente suspensa.

- Áreas em expansão: há vezes em que o local não está nem regularizado junto à Prefeitura e, em outros casos, ainda está passando por fase de estudo nos Correios. Na região da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, por exemplo, existem algumas áreas mais novas que ainda não contam com a entrega regular.

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