Opinião
Antônio Carlos Macedo: Porto Alegre não precisa de telemulta
Para colunista, lugar de azulzinho é na rua, e não aplicando multas à distância
Sempre achei que motorista infrator deve ser multado. E que basta andar na linha, respeitando as regras previstas no Código de Trânsito Brasileiro, para levar à falência uma eventual "indústria da multa". Mas discordo da decisão da EPTC de usar câmeras de monitoramento para aplicar notificações de trânsito em Porto Alegre. Como explica o site oficial da empresa, ela foi criada "visando regular e fiscalizar as atividades relacionadas com o trânsito e os transportes da cidade".
Como a EPTC vai usar câmeras para multar nas ruas de Porto Alegre
Se deixar fiscais na frente de monitores, usando imagens para multar à distância, aplicará centenas de multas e encherá os cofres de dinheiro, mas deixará de cumprir com a primeira e essencial parte de sua missão, que é gerenciar a circulação e assegurar um mínimo razoável de mobilidade nas ruas e avenidas da Capital.
Nesse sentido, os azuizinhos precisam estar onde raramente são vistos: nos pontos mais movimentados do trânsito de Porto Alegre, especialmente nos horários de pico e nas emergências, para fiscalizar pessoalmente a ação dos motoristas e tomar as medidas capazes de reduzir os congestionamentos. Providências que, obviamente, incluem multar os condutores que teimam em cometer infrações ao volante.
Leia mais colunas de Antônio Carlos Macedo
Fiscais nas ruas
Além de notificar os transgressores, a presença física da fiscalização ajudará a prevenir muitas das infrações que comprometem a fluidez do tráfego de veículos. Sem contar a capacidade de intervir com maior rapidez na solução dos problemas. A exemplo do que acontece na área da segurança pública, as câmeras de controle do trânsito devem ser usadas no monitoramento da situação, indicando os pontos que exigem fiscalização mais intensa e imediata.
Multar pela televisão, em sala com ar-condicionado, protegida das intempéries, certamente será mais fácil e confortável. Mas ajudará muito pouco na construção de um trânsito menos trancado e estressante para o porto-alegrense. Serviço de telemulta, não! Que o presidente Vanderlei Capellari reveja os planos da EPTC e trate de colocar mais fiscais nas ruas. É disso que Porto Alegre precisa.
Leia todas as notícias do dia