Notícias



Prejuízo

Chuva destrói plantações de hortaliças e preço dispara

Alface, couve e espinafre tiveram valores elevados nas últimas semanas. Em Canoas, famílias perderam toda sua produção

30/10/2015 - 07h09min

Atualizada em: 30/10/2015 - 07h09min


Carlos Macedo / Agencia RBS
Produtora de hortaliças perdeu toda plantação pela terceira vez no ano

A dona de casa deve ter percebido na feira, nos últimos dias, mais um efeito das chuvas. Os problemas climáticos ocorridos no Estado, como o excesso de chuvas, longos períodos nublados, granizo e inundações de zonas baixas, causaram quebras nas folhosas, diminuindo sua oferta e promovendo elevações substanciais nos preços de atacado.

Nas últimas duas semanas, a alface e a couve tiveram um aumento de 33,6%, segundo a Ceasa/RS. Foram de R$ 1,25 para R$ 1,67 a unidade. No mesmo período, o espinafre subiu 38,6%, indo de R$ 1,50 para R$ 2,08 o molho.

Se comparada com a mesma época do ano passado, a média de produção que chega à Ceasa/RS por dia caiu quase pela metade, enquanto os preços triplicaram. Se em outubro de 2014 eram recebidas 14,4 mil dúzias de pés de alface por dia, o número caiu para 8,7 mil dúzias em outubro de 2015.

A mesma situação se repetiu com a couve. Nos anos anteriores, a produção diária girava em torno de 3,7 mil dúzias de molhos, enquanto este ano o número chega a 1,9 mil dúzias de molhos. O espinafre, que tinha produção de 1,5 mil dúzias de molhos, neste ano reduziu para 564 dúzias. Em outubro do ano passado, a alface e a couve custavam R$ 0,57 a unidade, e o espinafre, R$ 0,92 o molho.

Na feira, o dobro

Foto: Adriana Franciosi

Na feira do Terminal Parobé, no Centro de Porto Alegre, muitas hortaliças tiveram aumento de 100%. 

- Há duas semanas, o preço do pé de alface foi de R$ 1 para R$ 2 - reconhece Darci José Schebat, dono de uma banca há 46 anos.

Segundo ele, antes das chuvas ele adquiria uma caixa com 12 pés de alface, por exemplo, por em torno de R$ 4. Após o mau tempo, o preço foi para R$ 10, vindo de um produtor de Garibaldi.

O vendedor Paulo Rogério Oliveira, da Banca 24, compra da Ceasa. Ele conta que o preço das folhosas subiu em média 50%.

- Caiu a qualidade e aumentou o preço. Mas a feira é muito mais barata para o consumidor do que o supermercado, então, mesmo com a alta, os clientes não deixam de comprar - afirma.

Circulando pela feira, a dona de casa Camila da Rocha, 31 anos, e Mohamed Yassin, 39 anos, vendedor, enchiam as sacolas com verduras e legumes. 

- No supermercado os preços estão ainda mais altos, por isso optamos por vir aqui na feira - conta Camila.

Da mesma maneira, Neli Santos, 45 anos, faxineira, não se importa com o aumento se o produto tiver qualidade.

- Escolho bem para não ter erro na hora de comer - fala.

Produtora perdeu tudo

Em Canoas, percebe-se o outro lado do problema, o dos produtores. Foi preciso coragem para sair de casa e encarar a situação deixada pelos últimos temporais na plantação de hortaliças em uma das chácaras do Bairro Mato Grande. A ideia de que a família tinha perdido tudo que havia cultivado foi desoladora para Claudete Chiquins, 42 anos, que planta em uma área próxima à BR-448.

Pés de cinco tipos de alface, couve, espinafre, rúcula, cebolinha, temperinho verde, alho-poró, pimentinha, entre outras hortaliças, ficaram totalmente destruídas por conta do desastre climático. Esta é a terceira inundação pela qual a produção de Claudete passa em menos de quatro meses. Todas com perda total. O que não ficou submerso e contaminado por cerca de 1m de água da chuva, foi deteriorado pelo granizo. 

Além das hortaliças estragadas, Claudete perdeu canos de irrigação, a maioria furados pelas pedras de granizo. Até o momento, a família ainda não contabilizou o prejuízo, mas já se prepara para fazer financiamentos.

- Não temos seguro, fundo de garantia nem nada que possa nos ajudar. O recomeço será do nosso próprio bolso. Sabe, nós planejamos o ano até prevendo um desastre, mas não três.

Prejuízo de R$ 2 milhões

De acordo com a Emater/RS, Canoas é responsável por produzir 2.577 toneladas por ano de hortaliças. De acordo com o agrônomo da Emater, Roberto Schenkel, a cidade tem 34 produtores comerciais de hortigranjeiros.

- A perda nas folhosas foi de 90%, já o tomate, a berijnjela e o pimentão foi de 50%. Acreditamos que os produtores deixaram de ganhar cerca de R$ 2 milhões - afirma.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias