Seu problema é nosso
Faltam medicamentos básicos em Cachoeirinha
Farmácia municipal tem restrições em relação ao fornecimento de remédios
Há três meses, o morador da Vila Anair, em Cachoeirinha, Cristiano Froes Garcez, 38 anos, faz uma viagem em vão até a Farmácia Municipal em busca de medicamentos básicos. Obeso mórbido, ele precisa tomar, diariamente, os analgésicos Paracetamol e Ibuprofeno, e Omeprazol, indicado para tratar gastrite e úlcera.
Dificuldade
Cristiano se movimenta com dificuldade em função do peso. Além de ter que ir várias vezes em busca dos remédios básicos, está tendo um gasto a mais em seu orçamento. Estes remédios devem ser disponibilizados de graça para os moradores da cidade.
- Eu tenho muitas dores nas pernas e na coluna. Recebo benefício do INSS em função da minha situação. A médica que me atende no posto de saúde sempre me dá uma receita para seis meses, justamente para que eu não precise ir e vir o tempo todo, mas agora estou sem as medicações, que são essenciais para mim - reclama.
Sem previsão
Graças a doações de vizinhos e amigos, Cristiano ainda tem uma cartela de Paracetamol e Ibuprofeno, mas nenhuma de Omeprazol. Toda vez que liga para a farmácia, recebe como resposta que não há previsão para a chegada dos remédios.
- Agora eu desisti de ir até lá porque é sempre a mesma coisa: não tem previsão. Sei que não sou o único a procurar, e que muitas pessoas dependem da prefeitura. Eles estão fazendo pouco caso da população. Não se brinca com a saúde dos outros - diz, indignado.
Cristiano conta que sempre foi gordinho, mas seu problema se agravou há oito anos, quando o peso saiu do controle, e teve constatada a obesidade mórbida.
- Em 2007 eu cheguei a pesar 220kg. Não conseguia mais caminhar, precisava de ajuda para tomar banho, por exemplo, e entrei em depressão. Desde então, tudo ficou mais difícil - desabafa ele.
Apoio
Depois de chegar ao fundo do poço, Cristiano achou que não conseguiria mais se recuperar. Foi então que ele conheceu a Agaco, a Associação Grupo de Apoio e Combate a Obesidade, em Cachoeirinha, e passou a frequentar as reuniões.
- Com o suporte do grupo eu consegui perder um pouco de peso, voltei a caminhar sozinho e fui, aos poucos, recuperando a minha autoestima. É uma pena que haja falta apoio dos órgãos públicos para iniciativas como esta, que ajudam muitas pessoas que, como eu, sofrem com esse problema - diz.
Farmácia municipal tem restrições
De acordo com o Secretário da Saúde de Cachoeirinha, Amir Selaimen da Costa, devido ao baixo repasse de verba do Governo do Estado para o município, a farmácia está comprando apenas os medicamentos que não são fornecidos pela rede de farmácias populares.
- Estamos fazendo um esforço para manter o básico para a população. O município está usando o caixa livre para adquirir os remédios que precisam ser fornecidos por medida judicial, além dos mais específicos - explica.
O secretário diz que o Paracetamol estava sendo ofertado na farmácia municipal enquanto havia estoque.
- Agora que acabou, as pessoas devem procurar a farmácia popular. Se ainda assim não tiver o remédio em
nenhuma das duas farmácias da cidade, o morador pode comprar com preços mais acessíveis na farmácia do Governo Federal, no Centro de Gravataí.