Os rostinhos sérios e abatidos dos pequenos pacientes do Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), em Porto Alegre, se encheram de vida na tarde de ontem.

Ao invés de consultórios e salas de atendimentos, as crianças puderam aproveitar um dia ensolarado ao ar livre cheio de atrações especiais na quarta edição da Dança dos Famosos, um evento onde as estrelas são os próprios médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem do hospital, que ensaiam um ritmo para proporcionar alegria em meio à rotina de medicações e cirurgias.

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Nas cadeiras tomadas por crianças e familiares ansiosos pelo evento, uma risada se destacava pela felicidade. Caroline Pereira, cinco anos, assistia atentamente a cada coreografia e atirava beijos para os profissionais da saúde participantes das atrações: todos velhos conhecidos de Carol. A mãe, Liane Pereira, 46 anos, professora, convive com as internações no hospital desde que a filha tinha 25 dias de vida.

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- Eu costumo dizer que o HCSA é a nossa segunda casa. A Carol tem epilepsia de difícil controle e retardo. No ano passado, passamos seis meses direto aqui dentro e neste ano já foram quatro internações. Para nós, ter este momento de convívio e alegria, é emocionante e de extrema importância - fala Liane.

Do outro lado do pátio, a pequena Natália Maciel, seis anos, aplaudia o show. A mãe, Sheila Maciel, 34 anos, funcionária pública, precisa viajar de São Borja à Porto Alegre para tratar a filha.

- A gente se reveza entre quimioterapia, radioterapia, internações, é tudo muito cansativo para as crianças e para nós, pais, também. Foi uma tarde realmente emocionante para ela e para mim - diz Sheila.

Satisfação

No evento, cinco casais profissionais da saúde se apresentaram no estilo rock, mambo, salsa e valsa. Mais tarde foi a vez da Ong Doutorzinho, com o projeto Hospitadança, apresentar uma coreografia para a criançada, seguidos da Escola de Dança Gafieira Club. De acordo com a gerente administrativa do HCSA, Swetlana Cvirkun, o evento foi criado para que os pacientes tirassem o foco da doença, ao menos por um instante.

- É uma maneira de fazer com que as famílias e os profissionais da saúde interajam e esqueçam um pouco da dor - comenta a gerente.

Maior troféu é a gratidão



Os vencedores do concurso de dança, além de um troféu, levam para casa a gratidão por aquelas pequenas grandes palmas.

- Para mim, que trabalho todos os dias com as crianças, é uma satisfação trazer alegria em meio a um ambiente onde lidamos com muita tristeza. É muito bom que as crianças nos enxerguem dentro do hospital e lembrem desse momento bom - afirma Patrícia de Lima, 35 anos, técnica de enfermagem.

Para Fagner dos Santos, também 35 anos e técnico de enfermagem, a risada das crianças é a melhor retribuição.

- Ensaiamos alguns passos para dar o melhor de nós nessa apresentação para eles, para que se divertissem. É isso que realmente importa - comemora.