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Abraço entre amigas

Campanha entrega bolsas com produtos de higiene para "mulheres invisíveis"

Ação nas redes sociais incentiva doação de bolsas com produtos básicos femininos para moradoras de rua. Em três semanas, 43 mil pessoas foram convidadas e versão masculina começou a circular

03/12/2015 - 07h06min

Atualizada em: 03/12/2015 - 07h06min


Omar Freitas / Agencia RBS
Vanda, moradora de rua, feliz em receber o presente

Muitas pessoas passam por elas nas ruas, mas poucas as olham de verdade e reparam em suas necessidades. As mulheres que moram nas calçadas e avenidas da Capital representam 17,1% dos moradores de rua da cidade: de um total de 1,3 mil pessoas, cerca de 230 são mulheres, segundo dados da Fasc de 2011 - a pesquisa mais recente feita pela prefeitura.

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Apesar de serem a minoria nas calçadas de Porto Alegre, elas existem. Foi pensando nisso que duas amigas resolveram criar uma campanha na internet para estimular a população a levar objetos de carinho e conforto para as mulheres que dormem a céu aberto e vivem em situação de vulnerabilidade.

Como um Abraço Entre Amigas foi o nome escolhido por Pâmela Marconatto Marques, 30 anos, socióloga e professora, e Priscila Meira, 47 anos, musicista e professora, para espalharem a campanha do bem.


Foto: Fernando Gomes / Agência RBS

Espelhadas em uma ação individual que uma amiga em comum postou nas redes sociais, a dupla decidiu criar uma campanha onde mulheres devem preencher uma bolsa própria com produtos de higiene pessoal feminina e adereços úteis, como pente, escova de dente e lingerie, para oferecer a mulheres de rua.

O evento foi o maior sucesso e, em três semanas, saltou de mil para 43 mil convidados e se espalhou pelo Brasil, e até mesmo pelo mundo. 

- Conversamos entre nós e percebemos que esta pequena ação poderia ser contagiante. A ideia é promover a doação, de igual para igual, e fazer com que as pessoas olhem para o outro, se preocupem, reflitam e tomem uma atitude - conta Pâmela, que já entregou três bolsas.

Priscila, que já fez quatro entregas, acredita que o presente pode mudar pelo menos o dia de uma pessoa.

- A ideia da bolsa é fazer com que você prepare aquele presentinho pensando nas necessidade que essa mulher que vive na rua tem. Você se coloca no lugar do outro. O que você precisaria se não tivesse uma casa? - explica Priscila.

Campanha


Foto: Fernando Gomes / Agência RBS

Qualquer pessoa pode participar da campanha. A ideia é que a pessoa tire uma foto da sua bolsa preparada e poste nas redes sociais para incentivar novas ações. Quem quiser é bem-vinda para compartilhar as experiências que teve.

- Muita gente tem dúvida, nos perguntam quem está recolhendo as bolsas ou para quem devem dar. Mas é muito simples. A interessada mesmo deve observar seu entorno e dar o agrado para quem quiser. O legal é incentivar esse contato entre as pessoas, perguntar o nome da moradora de rua, se aproximar e mostrar seu desejo de que ela fique bem - conta Priscila.

Segundo as idealizadoras, todos os momentos que passaram e os relatos que acompanharam mostram que as moradoras de rua recebem o presente com felicidade. 

- O olho brilha, elas se sentem valorizadas. Acredito que este ato seja como a redescoberta das mulheres de rua, pois temos a tendência apenas de pensar em homens, já que são de fato a maioria. É o básico que vira luxo para quem não tem nada, o simples ato de delicadeza pode mudar e tocar a pessoa por um instante. Nossa ideia é cuidar de alguém como uma amiga e fazer com que esta pessoa sinta: "nossa, alguém pensou em mim" - conta Priscila.

A repercussão da campanha feminina foi tão positiva, que as meninas já criaram a versão para os homens, que ainda cresce timidamente.

A hora da entrega


Foto: Omar Freitas / Agência RBS

O Diário Gaúcho acompanhou a entrega de uma bolsa. A escolhida para receber o carinho foi Vanda dos Santos Pereira, 36 anos, moradora de rua do Bairro Menino Deus. Ela estava com o parceiro no colchão onde moram, quando foi chamada por Lisa Adams, 68 anos, bibliotecária aposentada, para que recebesse a bolsa recheada de esperança. 

- Nossa, estou emocionada. É muito bom saber que ainda existe gente boa nesse mundo. Olha, tem blusinhas para o fim de ano, xampu para eu me arrumar, é tudo ótimo e lindo - falou Vanda, já colocando o colar que também estava embrulhado dentro da sacola.

Ela, que utiliza o banheiro de um posto de gasolina para higiene pessoal, lembra a dificuldade em conseguir sabonete e absorvente, por falta de dinheiro.

- A farmácia até me vende pela metade do preço às vezes, mas tem coisas que a gente acaba não tendo condições de comprar e ficam em segundo plano - fala.

Com um abraço, Lisa e Vanda se olharam e se despediram, como um encontro com final feliz entre amigas.

Para visualizar as campanhas no Facebook:

Como um abraço entre amigas
Como um abraço entre amigos


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