Jogo do bem
Escolinha de futebol da Bonja precisa de ajuda para treinar mais crianças
Projeto social que atende 70 alunos, em Porto Alegre, quer ampliar grupo para, no mínimo, 120 alunos. Chuteiras, caneleiras e coletes são alguns dos itens necessários para que o time participe de campeonatos
"Quem quer ser jogador de futebol?", pergunta a reportagem. Rapidamente, todas as mãos no vestiário se erguem e as respostas "eu" ecoam na salinha: o espaço no coração da Bom Jesus bate forte e cheio de sonhos.
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Na areia do Campo da Panamá, cerca de 70 meninos do Bairro da Zona Leste da Capital, da Vila Nossa Senhora de Fátima, esperam ansiosos para o tão aguardado treino de futebol. A vontade de ter um futuro melhor e brilhar nos gramados mundo afora é o desejo dos jovens que participam da Escolinha da Bonja.
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Pelo menos três vezes por semana, nas terças, quintas e sábados, o projeto ensina a gurizada dos sete aos 15 anos não só o esporte, mas também a disciplina que se exige de um atleta. Criada há 20 anos pelo autônomo, presidente e treinador da Escolinha da Bonja, Lindomar Martins, 42 anos, o ensino é totalmente gratuito para os interessados e não há nenhum envolvimento com poder público ou ONGs.
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Fotos: Omar Freitas / Agência RBS
- Criei a Escolinha e trabalho aqui voluntariamente simplismente porque eu gosto. Ver a evolução dos meninos não só no futebol, mas na educação, é o que me move. Nunca aceitei que o projeto fosse transformado em entidade, pois acredito que perderia a identidade e a autonomia principal que defendemos aqui - conta Lindomar.
Segundo ele, o sonho de ser um jogador de futebol atrai os meninos para o esporte e faz com que eles se envolvam e se dediquem.
- Alguns nomes importantes já saíram aqui da Escolinha da Bonja, mas acredito que, por mais que o aluno não venha a ser um profissional, ele vai aprender coisas básicas do esporte, como comprometimento, união e trabalho em grupo - fala Lindomar.
De acordo com o presidente, para entrar no grupo, o menino precisa estar estudando, respeitar os pais em casa, se comportar e ter a idade adequada. Um dos alunos que preenche os requisitos é Eduardo Brum, 13 anos, o aluno mais antigo da Escolinha. Ele entrou no futebol desde cedo e garante que aprendeu muito além do jogo em campo.
- Eu gosto de vir aqui, encontrar meus amigos, trocar ideias - conta Eduardo.
Corrente do bem
Apesar do sucesso local do projeto social, a ação precisa de ajuda da população para expandir: conseguir pelo menos dobrar o número de jogadores mirins, ensinar as crianças com mais qualidade e poder levar os times para participarem de campeonatos.
- A minha vontade é de atender 120 ou até mais. Mas as más condições de materiais que temos aqui nos limita bastante. A maioria dos meninos não tem chuteiras e precisam jogar com os tênis que têm em casa, por exemplo. Faltam coletes, bolas e todos os acessórios necessários para oferecer um bom treino aos guris - diz Lindomar.
Com os cabelos do ídolo David Luiz, Anderson Luis de Deus, 13 anos, pede luvas de goleiro para o amigo Matheus Chaves, 14 anos, e uma faixa de capitão do time, cargo que ele mesmo ocupa.
- Nós queremos crescer, por isso precisamos de oportunidade para poder jogar melhor - defende o mini craque.
O jovem sorridente Kauan Farias Dornelles, 12 anos, entrou este ano na escolinha e não pensa em largar, afinal, é o começo da realização do seu maior sonho.
- Quero ser jogador de futebol desde a Copa de 2010. Eu me sinto muito bem-vindo aqui, além disso ganho massa muscular, converso com meus amigos, nos divertimos muito.
O que a Escolinha da Bonja precisa:
- O presidente do projeto Lindomar Martins, afirma que a ajuda não precisa ser em dinheiro, e sim em materiais esportivos para qualificar o ensino e os jogos.
- Uniformes - em 2004, a Escolinha ganhou cerca de 30 coletes. Para diferenciar os times, o grupo precisa de mais e novas unidades. Além do colete, os meninos também não têm bermudas adequadas, meias, caneleiras, luvas para goleiros e faixa para capitão.
- Chuteiras - os meninos precisam de sapatos adequados para futebol.
- Bolas - as três bolas atuais já não possuem mais borracha no entorno.
- Para doações e informações, entrar em contato pelo telefone 8131-3652.