Foi em um dos cartões-postais de Porto Alegre que o Rei Momo festejou sua despedida. Ontem, com um céu azul, ao som de samba e na companhia de carnavalescos e amigos, Fabio Verçoza, 50 anos, navegou pelo Guaíba para celebrar o fim de dez anos de mandato frente ao carnaval porto-alegrense.

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A história de Fabio como Rei começou em 1998. Parou em 2001 para concluir o curso de Direito, mas não aguentou muito tempo longe do samba. Em 2009, assumiu novamente o posto e, agora, entrega a coroa para voltar a curtir o Carnaval da avenida. 

- Faz 36 anos que eu sou carnavalesco. Para ser Rei Momo é preciso nascer com esse espírito. Minha trajetória foi marcada pelo amor pelo Carnaval. Dei um passo de cada vez para crescer e aprender junto com essa grande folia. Confesso que ainda não aprendi tudo, ainda teria muito chão pela frente, mas está na hora de dar chance para novos rostos comandarem essa festa - comenta Fabio.

Segundo ele, abrir mão do mandato significa lutar pelos direitos dos carnavalescos ainda mais intensamente, já que trabalha na Secretaria Municipal da Cultura. 

- Eu me via dentro do conflito entre estar a frente de um cargo público e também dar todo o suporte para o Carnaval, para a Liespa (Liga Independente das Escolas de Samba de Porto Alegre), atendendo a agenda de compromissos. Agora, vou poder buscar mais direta e ativamente por melhorias no carnaval - explica o Rei Momo.



Foto: Andréa Graiz / Agência RBS

Mudanças

Uma das principais mudanças que Fabio conquistou foi para que o peso não fosse mais exigência na hora de escolher o Rei Momo.

- Eu fui eleito pela primeira vez pesando 130kg. Fiz questão de lutar para que esse item fosse derrubado, pois obesidade mórbida é uma doença - defende.

Sobre a evolução do Carnaval na cidade, Fabio acredita que o principal foi a mudança de local, do Centro para o Complexo Porto Seco, na Zona Norte. 

- Apesar de o local ainda não estar completo, é muito bom saber que o Carnaval, agora, tem um local próprio. Vou continuar buscando que os sistemas de locomoção e de segurança sejam melhorados para incentivar mais espectadores e para que a obra seja enfim finalizada - explica.

Personagem

Depois de viver intensamente o carnaval por uma década, deixar o personagem de lado e voltar a ser o Fabio não será tarefa fácil.

- Já estou tendo um acompanhamento psicológico para me separar do Momo. Depois de tantos anos, preciso me acostumar que aquelas fantasias não são mais minhas e aprender a deixar as características dele de lado, volto a ser apenas o Fabio carnavalesco - fala entre risadas.

Nos dez anos de história nas avenidas, o que mais marcou Fabio foram os momentos da entrega da chave da cidade.

- Para mim, esse é sempre o momento mais marcante. Em 1998, a primeira vez que ganhei, minha mãe estava presente. Na ocasião, ela disse que este era o melhor presente que um filho poderia dar para uma mãe. No ano seguinte ela faleceu, pouco tempo antes de receber novamente a chave. Desde então, sempre que recebi o objeto, eu apontei para o céu: "Esta é para você, mãe!".

Novidades

A partir de 2016, o mandato do Rei Momo, que era de dois anos, passará a ser anual. Para o sucessor, Fabio Verçoza espera que o novo Rei Momo curta e ame tanto a folia quanto ele e saiba dar valor para cada pessoa na avenida.

- O fundamental é amar o carnaval e ter humildade, entender que a festa é um segmento cultural em que a maioria dos envolvidos são pessoas simples. O destaque do Carnaval são todos aqueles que juntaram dinheiro o ano inteiro para comprarem fantasias e usar por uma noite. A gente não é rei, somos cidadãos... a gente é plebeu. Na verdade, os reis e rainhas do Carnaval estão na arquibancada - diz Fabio, emocionado.

Carnaval 2016

A escolha do Rei Momo 2016 acontece na sexta-feira, no Complexo Cultural do Porto Seco, na sede da liga (Barracão). A escolha, entre cinco candidatos, será a partir de uma votação. Os nomes que esperam ansiosamente pelo resultado são Byra Borba, representando a  escola de samba Copacabana, Daniano Engers, da Imperadores do Samba, Marco Bica pela Bambas da Orgia, Maurício Melo, que participa de forma independente, e Osvaldo Pereira de Oliveira, pela Império da Zona Norte.