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Seu problema é nosso

Moradora de Viamão aguarda por aparelho auditivo desde 2014

Com perda de 80% da audição, Rosângela espera pela prótese do Sus

17/02/2016 - 08h31min

Atualizada em: 17/02/2016 - 08h31min


É difícil para a merendeira Rosângela Cavalcante da Silva, 47 anos, segurar o choro quando tenta se comunicar e não consegue. Há dois anos, a moradora de Viamão convive com um grave problema auditivo que causou a perda de 80% da audição.

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Desde que foi diagnosticada a deficiência, que é irreversível e piora a cada dia, ela luta para conseguir uma prótese auditiva. Mesmo com todos os procedimentos feitos, Rosângela espera há um ano pelo aparelho prometido pelo Sus.

– Eu nem percebia que estava perdendo a audição. Só fui me dar conta quando minha família começou a me cobrar da altura do volume da televisão ou que tinham que repetir muitas vezes quando falavam comigo. Fiz uma consulta e descobri que já estava com a audição comprometida – conta.

Espera

Em março de 2014, quando foi diagnosticada com perda auditiva neurossensorial bilateral grave, a merendeira realizou diversos exames, mas nenhum deles constatou a causa da doença. Com o agravamento do problema, ela foi encaminhada para o Hospital Universitário de Canoas, para fazer o pedido do aparelho, distribuído pelo Sus.

Após fazer o molde, em fevereiro de 2015, Rosângela foi informada de que receberia a prótese em até quatro meses – o que não ocorreu.

– Quando ela liga para o hospital, dizem que quando ficar pronto vão avisar. Semana passada, ligaram de lá para perguntar se ela tinha feito o molde, mas não disseram mais nada – relata a filha Ana Vitória da Silva Ferreira, 19 anos.

Constrangimentos

Desde que perdeu parte da audição, a vida de Rosângela se transformou. Prestes a se formar em Geografia, ela precisou trancar o curso porque já não conseguia mais acompanhar as aulas.

Nas viagens que faz semanalmente até Cidreira, onde trabalha como merendeira em uma escola, precisa da companhia da filha ou do marido. Os constrangimentos que ela sofre por não conseguir ouvir poderiam ser minimizados caso recebesse a prótese.

– Um dia, na escola, pediram para que ela levasse o feijão para o buffet e ela levou o mamão. Outra vez, uma professora deu bom dia e ela respondeu dizendo que não gostava que a chamassem de tia. Esse tipo de situação a deixa envergonhada. Ela chora bastante – lamenta Ana Vitória.

Alto custo

Cansada de esperar, Rosângela chegou a procurar um consultório particular para fazer uma avaliação sem custo. Convidada a utilizar a prótese como teste por uma semana, ela teve o gostinho de experimentar como é ouvir melhor. No entanto, não pode pagar pelo aparelho, que custa cerca de R$ 3,9 mil.

– Ela notou muita diferença, dizia que escutava até o vento – brinca a filha, Ana Vitória.

Paciente deve comparecer na secretaria

A secretaria de Saúde de Viamão informou que o caso de Rosângela foi encaminhado no dia 18 de dezembro de 2014 para o Hospital Universitário de Canoas, referência para este tipo de atendimento.

Caso ela tenha comparecido a todos os atendimentos agendados e, mesmo assim ainda não tenha concluído o tratamento, a paciente deve comparecer à secretaria (Avenida Senador Salgado Filho, 5.412, Parada 44, quinto andar), com todos os documentos referentes ao atendimento (inclusive os recebidos pelo Hospital Universitário de Canoas) para falar com Simone.

Como proceder para obter aparelhos auditivos pelo Sus

/// Desde outubro de 2004, a Secretaria Estadual de Saúde conta com a Rede de Atenção à Saúde Auditiva, que atende pessoas com surdez comprovada por exame de audiometria e também bebês que falharam no teste da orelhinha.

/// Para ter direito ao aparelho, o paciente deve ter consultado no posto de saúde da sua região e ter tido a deficiência comprovada por meio de teste de audiometria. Após esse procedimento, o médico dá a entrada no pedido ou o próprio paciente pode fazer diretamente na Secretaria de Saúde do município, levando cartão do Sus, RG, CPF (para maiores de 16 anos), comprovante de residência e audiometria (somente para pacientes adultos).

/// Conforme com a Secretaria Estadual de Saúde, o tempo de espera varia de acordo com a oferta de serviços, número de aparelhos disponibilizados por município e também a ordem de prioridade, mas é de aproximadamente 12 meses.

/// Após receber o aparelho, o paciente continua vinculado à unidade, podendo receber um novo dispositivo ou realizar um novo molde após cinco anos de uso.

/// Em 2015, foram concedidas 11.195 próteses auditivas.

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