Seu problema é nosso
Demora no envio de monitor atrasa começo de ano letivo para menino, em escola da Capital
Victor Arthur Pereira, seis anos, é cadeirante e usa fraldas e por isso precisa de acompanhamento especial para frequentar as aulas
Desde outubro do ano passado, a auxiliar de serviços gerais, Jeane Pereira da Cruz, 35 anos, tenta resolver um entrave com a Secretaria da Educação do Estado para que filho Victor Arthur Pereira, seis anos, consiga frequentar as aulas na Escola Estadual Erico Veríssimo, em Porto Alegre. Moradora do Bairro Jardim Carvalho, ela solicitou um monitor para acompanhar o menino, que é cadeirante e usa fraldas. Mesmo após um mês do início do ano letivo, Victor ainda não conseguiu assistir nenhuma aula.
– Eu fiz a matrícula dele nesta escola que fica distante uma quadra da minha casa, e até agora não chegou o monitor para acompanhá-lo. Já fui na escola, na secretaria da Educação, e até na Defensoria Pública para saber o que falta para que o pedido seja atendido, mas eles não me dão resposta – reclama a mãe do menino.
Victor é portador de mielomeningocele – doença congênita conhecida também como “coluna exposta” que provoca uma lesão na medula espinhal, causando a perda da sensibilidade dos membros inferiores – e de hidrocefalia, doença caracterizada pela dilatação do crânio. Embora não tenha comprometimento intelectual, ele necessita de auxílio para a locomoção e para a higiene.
– Ele precisa de alguém que faça a troca das fraldas e, principalmente, para cuidar da segurança dele no pátio, porque o recreio não é feito na sala e a escola tem muitas escadas. Ele até empurra a cadeira sozinho, mas tenho medo que ele caia ou que algum colega queira mexer e acabe derrubando ele – confessa a mãe.
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Dificuldade
De acordo com Jeane, o menino passou recentemente por uma cirurgia, mas já foi liberado pelo médico para frequentar a escola. Porém, sem o acompanhamento do monitor, fica impossível para ele assistir as aulas, uma vez que o professor não é autorizado a realizar trocas de fraldas. A única opção seria a própria Jeane ir de hora em hora até a escola para realizar a higiene de Victor – situação inviável no momento, para a família.
– Agora que consegui um emprego de quatro horas para complementar a renda, estou pagando uma pessoa para ficar com ele pela manhã. Eu não posso largar o serviço, tenho mais dois filhos que dependem de mim. Mas também não posso deixar ele sozinho com a professora – relata Jeane.
Secretaria informa que situação será resolvida
A diretora do departamento pedagógico da Secretaria Estadual da Educação, Márcia Coiro, informou que não tinha conhecimento do caso de Victor, mas que foram tomadas providências junto à 1ª Coordenadoria Regional da Educação. Ela disse que na semana passada entrou em contato com a família para explicar a situação.
De acordo com Márcia, a escola tem um professor especializado na área de atendimento especial atuando na sala de recursos – local voltado ao atendimento de alunos com necessidades especiais que funciona no contra turno.
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Professor
Esse professor será deslocado da sua função para atender Victor. Por isso, é necessário que a 1ª CRE envie um outro profissional para substituir esse professor, o que deve acontecer nesta semana.
Assim que a mudança for feita, o menino poderá frequentar as aulas tendo o acompanhamento do monitor.
– O Estado está fazendo um esforço muito grande para atender todos os alunos que precisam de atenção especial. O trabalho dos monitores vem de apoio, com a alimentação, locomoção e higiene, mas não só isso. Precisamos também oferecer atividades que deem a possibilidade deste aluno se desenvolver e conseguir acompanhar os colegas, e isso estará garantido para o Victor – afirma Márcia.
Produção: Carolina Lewis
* Diário Gaúcho