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Manoel Soares: "No meu tempo, escolas, postos de saúde e igrejas eram espaços sagrados"

Colunista do Diário Gaúcho diz que, hoje, vê meninos com armas nas pontas dos becos se autodeclarando chefes

26/03/2016 - 08h06min

Atualizada em: 26/03/2016 - 08h07min


Cheguei à conclusão de que sou um velho. Minha barriga já não tem mais aqueles gominhos que as meninas gostam, meu black power já tem um monte de fios brancos e adoro dormir com o barulho da chuva na janela. Mas, junto com a idade, vieram também algumas saudades, por exemplo: sou do tempo em que bandido na favela respeitava para ter respeito.

Todo traficante da minha época que usava o medo como forma de se relacionar com a quebrada, caia cedo. No meu tempo, escolas, postos de saúde e igrejas eram espaços sagrados, e o crime sabia que poderia perder muita moral se quebrasse esse código de conduta. Hoje, vejo meninos com armas enferrujadas nas pontas dos becos se autodeclarando "chefes" enquanto o colégio que eles estudaram há menos de cinco anos está sendo roubado.

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Não que caiba a eles fazer a segurança, mas é na boca de tráfico dele que os usuários desembocam o resultado dos roubos, ou seja, pior do que o chinelo que invade um posto de saúde para roubar, é o metido a patrão que se beneficia desse roubo.

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O viciado pode culpar a droga, mas os poderosos chefinhos não têm a quem culpar senão a própria ignorância e falta de respeito que ele tem com a quebrada onde mora. Traficante sempre tem vida curta e isso, quem está no crime, sabe, mas traficante que espalha medo e desordem tem a vida mais curta ainda e muitos desses projetos de bandidos não terão a mesma alegria que eu, de ver os cabelos ficarem brancos, pois estão plantando desrespeito e vão colher caguetagem.

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