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Entrevista

Manoel Soares: "O shortinho ficou mais importante que a situação caótica que estamos vivendo"

Colunista do DG fala sobre repercussão no Facebook da coluna publicada no sábado

01/03/2016 - 18h16min

Atualizada em: 01/03/2016 - 18h21min


A coluna do Manoel Soares publicada no Diário Gaúcho desse final de semana teve uma grande repercussão. Mais de um milhão de pessoas viram o post da página do Diário Gaúcho no Facebook. A chamada também teve mais de 10 mil compartilhamentos e quase 7 mil curtidas – fora as centenas de comentários.

Publicado por Diário Gaúcho em Sábado, 27 de fevereiro de 2016

Coluna deste sábado de Manoel Soares: http://ow.ly/YPhT1Vocês concordam?#DiarioGaucho

No texto, o colunista, que também é repórter da RBSTV, questionou por que a polêmica do shortinho em uma escola teve muito mais envolvimento do público do que as mortes de crianças inocentes na guerra do tráfico da Região Metropolitana. Ele se diz feliz por ter feito as pessoas pensarem no assunto:

– Me sinto honrado por promover um debate real, que saiu do Facebook e foi para as ruas.

Leia a coluna
Manoel Soares: "Entre tiros e shortinhos"

Fizemos algumas perguntas sobre o tema para Manoel. Confira as respostas:

Dário Gaúcho - O que você achou da repercussão da coluna?

Manoel Soares - Foi inusitado, porque eu exponho todos os dias a minha opinião. Não esperava essa repercussão toda, mas confesso que não dou muita bola.

DG - Muitas pessoas te procuraram para comentar a coluna?

Manoel - Sim. Até mesmo fora do Facebook. Estive no Julinho (Colégio Estadual Júlio de Castilhos, em Porto Alegre) e me procuraram para saber o que eu pensava sobre o assunto. Queria agradecer às meninas do shortinho por terem proporcionado esse debate.

DG - Mas tu achas errada essa luta das meninas pelo shortinho na escola?

Manoel - Não acho que elas estejam erradas. As meninas estão no papel delas. Os adolescentes têm mesmo que contestar o sistema. A luta delas é justa. Mas para mim a questão não é essa. E sim o resto das pessoas, que fizeram do shortinho algo mais importante que a situação caótica que estamos vivendo. Me chamou a atenção que uns dias antes dessa polêmica abordamos (no Jornal do Almoço) o drama de crianças inocentes que são afetadas pela guerra do tráfico. Pouco depois todos se mobilizaram pelo shortinho. Aí me questionei: "que sociedade é essa que estamos vivendo?" Queria saber se quem tivesse morrendo fossem jovens de classe média-alta e a reivindicação do shortinho fosse na periferia se a repercussão seria igual. Se a reposta for sim, está tudo certo. Mas, para mim, a vida tem mais peso e valor. É como tua casa estar pegando fogo e tu preocupado em lavar a louça.

DG - Mas tu pensas que não tem espaço para as duas lutas, uma inviabiliza a outra?

Manoel - Dois corpos não ocupam o mesmo espaço, assim como duas ideias não ocupam o mesmo segundo. Peço para as pessoas que olhem o histórico do seu Facebook. Eu retiro tudo que disse se me mostrarem que alguma notícia de criança morta pelo tráfico teve mais repercussão que a polêmica do shortinho.

DG - Fica com alguma lição ou algo positivo que tenha acontecido a partir desta coluna?

Manoel - Me sinto honrado por promover um debate real, que saiu do Facebook e foi para as ruas. Umas pessoas concordaram comigo, outras não. Mas precisamos colocar nossas convicções a prova. Se eu estou certo não sei, no momento que escrevi a coluna achei que sim. Mas estou sempre disposto a mudar de opinião. A gente tem que duvidar das nossas convicções, questionar a nós mesmos.

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* Diário Gaúcho


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