Medo na garupa
Roubo de motos aumenta 19%
Pilotar em Porto Alegre ficou mais perigoso no ano passado.
Era noite, chuviscava, e Maximiliano Farias dos Santos, 27 anos, seguia para entregar mais uma pizza na Capital. Estava na Honda Fan 150 com pouco mais de um ano de uso em setembro do ano passado.
Ele percebeu um carro ansioso logo atrás da moto, mas não suspeitou de nada. Achou que deveria dar espaço para passar.
- Mas o carro emparelhou e um cara armado mandou eu parar, descer, entregar a moto, o capacete e correr - conta o entregador.
Três por dia
Os dados da Secretaria da Segurança Pública mostram que, entre furtos e roubos, uma média de três motos foram levadas pelo crime por dia na Capital em 2015, com 1.123 ocorrências registradas.
O número total é parecido com o de 2014: 1.090. Mas considerando somente roubos, foram 460 casos notificados em 2015, cerca de 19% a mais do que em 2014, quando 387 motos foram levadas com violência, como no caso de Maximiliano.
Em janeiro deste ano, um alento em comparação com o mesmo mês de 2015. Os furtos caíram 30% (de 63 para 44), e os roubos, 9,5% (de
42 para 38).
- As motos são muito usadas em pequenos assaltos, roubos a pedestres, até homicídios. Por isso, são muito cobiçadas. Um dos nossos focos, por causa disso, é a abordagem de motos em barreiras - afirma o comandante do CPC, tenente-coronel Mário Ikeda.
Os sindicatos do setor que utiliza as motos para entregas estão conscientes do perigo que correm os trabalhadores.
- Orientamos os entregadores a evitar locais escuros e a cuidar o entorno da entrega. Se tem alguém suspeito por perto, melhor dar uma volta na quadra - diz o presidente do Sindicato das Empresas de Telesserviços e Entregas do Estado, Luiz Carlos Mello.
Armadilhas
Presidente do Sindicato dos Motociclistas do Estado, Valter Ferreira da Silva alerta para as armadilhas usadas pelos criminosos.
- Muitos caem em um golpe. Tem ladrão que cobra R$ 200 ou
R$ 300 para devolver. A gente recomenda que não aceitem. Mas muitos não têm seguro. Acabam se submetendo - afirma Valter.
Ele diz que seria preciso mais barreiras cobrando a documentação exigida por lei para a atuação no serviço de motofrete.
"O que mais quero é voltar inteiro para casa"
Depois do assalto sofrido enquanto trabalhava, Maximiliano Farias dos Santos começou a pensar sobre o risco que correu. Poderia, naquele dia, não ter voltado vivo para casa. Companheira do pai, a filha de seis anos não deitava sem que ele chegasse, o que acontecia por volta da 1h. Por isso, decidiu largar a noite.
- Faz cinco anos, trabalhando dia e noite, sempre. Mas com essa crise, somada com a violência, não vale a pena correr o risco. O que mais quero é voltar inteiro para casa, com ou sem dinheiro - diz ele.
Capacete
Mesmo sob a luz do dia, as marcas daquela noite chuvosa de setembro do ano passado permanecem. Todos, agora, são suspeitos para Maximiliano.
Um carro que encosta ao lado, uma moto que dobra na mesma rua que ele, o que antes soava como acaso é motivo de alerta. Não raro, ele sai da rota da entrega para ter certeza de que não está sendo seguido.
- Sei de motofretistas que fugiram e foram perseguidos com os assaltantes dando tiros atrás deles. Não foram baleados por sorte - conta.
De vez em quando, Maximiliano vê um capacete parecido com o roubado dele. Chega a parar para ver. Mas segue viagem, tem horário a cumprir.
Fique alerta nas ruas
- Sempre atento à aproximação de outra moto, principalmente se ela tiver dois ocupantes. Se possível, manter distância.
- Evite andar perto da calçada ou do canteiro central, a pista do meio é a ideal. Nas bordas, há obstáculos que podem servir de esconderijo, como árvores e postes.
- Sinal fechado? Reduza a velocidade antes de chegar ao semáforo para evitar ficar parado nele por muito tempo.
- Em caso de suspeita de estar sendo seguido, mude a rota e observe se o veículo segue no encalço. Não arrisque, pare em um local de movimento e alerte a Brigada pelo 190.
- Travas e correntes desestimulam o furto. O criminoso sempre procura o alvo mais fácil.
- Se abordado, não se deve reagir. Sem movimentos bruscos, faça o que o ladrão mandar verbalizando a ação: "estou descendo da moto", "estou tirando o capacete", "estou pegando a carteira".
- Ao se aproximar do local de entrega, não foque apenas no número da casa. Observe o entorno. Alguém parado perto? Melhor dar uma volta a mais e observar se essa pessoa foi embora.
- Já em segurança, assim que possível, ligue para o 190 e passe o máximo de informações, como as características do assaltante e a direção que tomou com a moto.
Fonte: Capitão Gustavo Fávero Prietto dos Santos, do BOE
ROUBOS
- 2014: 387
- 2015: 460
Aumento de 19%
FURTOS
- 2014: 703
- 2015: 663
Queda de 5,7%