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Seu problema é nosso

Construção irregular prejudica canalização de esgoto em rua da Capital

Dep confirmou que casa erguida sobre rede pública é o problema, mas não apresentou soluções

18/04/2016 - 08h30min

Atualizada em: 18/04/2016 - 08h33min


Morador, literalmente, mergulhou no esgoto para tentar desentupir a rede

Vassoura, pá, enxada. Essas são só algumas das ferramentas utilizadas pelos moradores da Rua Argentina Flores da Rosa, no Bairro Rubem Berta, em Porto Alegre, desde que uma das redes de esgoto entupiu.

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Cansados de conviver há mais de seis anos com o lodo que invade as casas e a água que deixa a rua intransitável a cada chuvarada, agora eles usam o horário de descanso para tentar resolver o problema. Na última empreitada, um dos dez moradores que fazem parte da força-tarefa mergulhou na água suja para tentar chegar até a boca de lobo.

– Nós chegamos a ficar dias limpando. Compramos pás para recolher o lodo da rua e contratamos um contêiner para descartar a sujeira – conta a aposentada Teresinha Beatriz Martins de Menezes, 65 anos, uma das representantes do grupo. Há 40 anos morando no local, ela conta que nunca passou por uma situação tão complicada.

Bomba

Na Páscoa, quando a situação piorou, Teresinha tomou a iniciativa de comprar bomba e canos para drenar a água de dentro de casa até a boca de lobo da esquina da casa dela. Embora o custo de cerca de R$ 400 não tenha sido dividido entre os vizinhos, quando preciso, a ferramenta é compartilhada com a comunidade.

– Temos que levantar da cama para ligar a bomba e tirar a água de dentro de casa de vassoura. É muito preocupante. Meu neto de oito anos está traumatizado. Se ele vê uma nuvem no céu, não consegue dormir, preocupado com a água – entristece-se a aposentada.

Transtorno

Outra medida tomada pelos moradores para tentar escoar a água foi abrir uma valeta no meio da rua, próximo ao meio-fio, para levar a água até o bueiro da outra rua.

– O problema é que, na esquina da nossa rua, um vizinho construiu um prédio sobre a rede de esgoto, o que acaba entupindo todos os outros bueiros – explica.

Segundo ela, o problema foi descoberto em 2012, quando os moradores tiveram uma reunião com o Dep.

– Eles disseram que não tinha como desentupir porque os canos estão obstruídos pela obra, mas quando eles foram lá o dono não deixou eles entrarem.

Obra

Ela diz que, na época, os moradores foram à Secretaria de Obras pedir construção de outra rede que contornasse o terreno onde o esgoto está obstruído. Cogitaram a divisão dos custos do material, mas se assustaram com o preço, que seria alto.

– Nós propusemos um acordo em que eles entrassem com a mão de obra, mas não temos como pagar, sendo que o esgoto vem descontado todos os meses em quase R$ 150 na conta de água – reclama.

Dep confirma que casa erguida sobre rede pública é o problema

O Dep confirmou que um dos moradores construiu sua casa sobre a rede pluvial pública, o que impossibilita a limpeza e a desobstrução da rede.

Informou também que a direção do departamento está avaliando uma nova solução técnica ou jurídica para o problema, e orienta que a prefeitura seja consultada sempre antes de construir para que problemas deste tipo sejam evitados.

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