Direto da Redação
Felipe Bortolanza: "apelo pela civilidade"
Observem a foto abaixo. É o retrato de um país dividido e varzeano à espera de um domingo que entrará para a história. Afinal, deputados votarão pela continuidade ou arquivamento do processo de impeachment da primeira mulher eleita como presidente da República Federativa do Brasil. Esta divisória de ferro tem lá sua prudência, visto que os ânimos entre torcedores do PT e da oposição já passaram do limite. Mas vejo nela a rendição da civilidade, o marco de uma nação que ganhou, desde 2014, uma gigantesca horda de fanáticos por política, capaz de jogar para o alto os cartazes com as frases "Não vai ter golpe" e "Fora, Dilma" e preferir socos e pontapés.
Infelizmente, imbecis desta ordem se proliferam neste momento. E, por isto, temo que esta mureta dê ideias a vândalos. Rezo para que as torcidas não arremessem objetos sobre a divisória, imaginando que ela seja a proteção contra os que forem atingidos. Seria o estopim de um campo de guerra.
Sujos até as orelhas
Por isso, faço um pedido: quem for para a rua, milite com civilidade. O Brasil não vai acabar no domingo. Nem se salvar. Temos um longo caminho pela frente, com ou sem Dilma, Temer ou Cunha.
De confusão e decepção, já estamos cheios. Basta olhar para aquele prédio ao fundo na foto, o Congresso. O futuro do nosso país, a curto prazo, está nas mãos daqueles políticos – dezenas deles sujos até as orelhas por escândalos de corrupção.
Na saída do serviço, no domingo, aliás, bem que aquele muro poderia servir para dividir os parlamentares ficha limpa dos corruptos, desonestos, que tocam cargos por votos ou dos desertores que já largaram o atual governo pensando em cargos num futuro. O resultado seria um domingo ainda mais decepcionante do que o do 7 a 1. Sete sujos para cada limpo.
* Diário Gaúcho